A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, reagiu, no início da noite desta terça-feira (5), às menções a ministros da Corte em diálogos de delatores da JBS. Em pronunciamento em vídeo, afirmou que integrantes do STF foram agredidos "de maneira inédita na história do país" e cobrou investigação "imediata" da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Polícia Federal (PF).
– Agride-se de maneira inédita na história do país a dignidade institucional deste Supremo Tribunal e a honorabilidade de seus integrantes – declarou.
Leia mais:
Em áudio, Joesley Batista diz que tem chance "zero" de ser preso
Fachin autoriza divulgação das gravações de delatores da JBS
De braço direito de Janot a agente duplo da JBS: a trajetória de Marcello Miller
Além de Cármen Lúcia, os ministros Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes foram citados em um dos novos áudios da delação de executivos da JBS entregues à PGR. Nos trechos que envolvem o trio, não há menção a crimes.
– Enviei ao diretor-geral da Polícia Federal e ao procurador-geral da República ofícios exigindo a investigação imediata com definição de datas com início e conclusão dos trabalhos, a serem apresentados com absoluta clareza a este Supremo Tribunal e à sociedade brasileira – afirmou.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, determinou na noite de segunda-feira (4) a abertura de investigação que pode levar à rescisão do acordo de delação premiada de Joesley Batista e mais dois delatores do grupo J&F – os executivos Ricardo Saud e Francisco de Assis Silva.
A decisão foi tomada com base no áudio de conversa entre Joesley e Saud entregue à PGR em 31 de agosto. A conversa revelaria o que Janot chamou de indícios de "crimes gravíssimos" envolvendo Marcello Miller, ex-procurador que foi seu auxiliar.
Confira, na íntegra, o pronunciamento da presidente do STF:
"Ontem (segunda-feira), o procurador-geral da República veio a público relatar fatos que considerou gravíssimos e que envolveriam este Supremo Tribunal Federal e seus integrantes. Agride-se de maneira inédita na história do país a dignidade institucional deste Supremo Tribunal e a honorabilidade de seus integrantes. Impõe-se, pois, com transparência, absoluta urgência, prioridade e presteza, a apuração clara, profunda e definitiva das alegações em respeito ao direito dos cidadãos brasileiros a um Judiciário honrado. Enviei ao diretor-geral da Polícia Federal e ao procurador-geral da República ofícios exigindo a investigação imediata com definição de datas com início e conclusão dos trabalhos, a serem apresentados com absoluta clareza a este Supremo Tribunal e à sociedade brasileira, a fim de que não fique qualquer sombra de dúvida sobre a dignidade deste Supremo Tribunal Federal e a honorabilidade de seus integrantes."
