Como a Polícia Federal ficou sabendo do esconderijo do dinheiro supostamente acumulado pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima?
Por um telefonema anônimo, ressalta a ordem judicial de busca e apreensão determinada pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília. O documento foi obtido por Zero Hora.
Trecho da ordem judicial de busca e apreensão menciona que o o Núcleo de Inteligência da Polícia Federal recebeu notícia "por meio telefônico", no dia 14.07.2017, asseverando que, no último semestre, um apartamento do 2º andar do Edifício Residencial José da Silva Azi (em Salvador) estaria sendo utilizado por Geddel Quadros Vieira Lima para guardar caixas com documentos.
De acordo com o despacho assinado pelo juiz, o apartamento está registrado como sendo de propriedade de um homem chamado Silvio Silveira, "o qual teria cedido tal imóvel para que Geddel, supostamente, guardasse pertences de seu falecido pai".
O pai do ex-ministro faleceu em 10 de janeiro de 2016.A PF protocolou representação à Justiça Federal afirmando que haveria a suspeita de que Geddel "estaria escondendo possíveis provas dos ilícitos em um endereço no bairro da Graça, em Salvador. Uma ligação telefônica – na decisão, não está especificado se foi anônima – teria asseverado o fato aos policiais.
O juiz autorizou a busca e apreensão com base nos mesmos argumentos que são usados para decretar prisões preventivas de suspeitos. Confira os indícios apontados pelo magistrado:
Fumaça do Bom Direito (fumus boni iuris) – "há fundadas razões de que no supracitado imóvel existam elementos probatórios da prática dos crimes relacionados na manipulação de créditos e recursos realizadas na Caixa Econômica Federal, considerando que Geddel Quadros Vieira Lima é um dos envolvidos no referido esquema ilícito e estava fazendo uso velado do aludido apartamento, que não lhe pertence, mas a terceiros, para guardar objetos/documentos (fumus boni iuris).
Perigo Iminente (periculo in mora) – "em face das circunstâncias que envolvem os fatos investigados (vultosos valores, delitos de lavagem de dinheiro, corrupção, organização criminosa e participação de agentes públicos influentes e poderosos), precisa ser apurado, com urgência, sob pena de tais elementos permanecerem desconhecidos/escondidos e/ou serem retirados/destruídos (periculum in mora)".
O dinheiro encontrado, guardado em 12 caixas de papelão e malas, será depositado numa conta da Justiça Federal até o final do processo judicial a que Geddel responde.
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