A Polícia Federal apontou problemas nas delações premiadas do caso Odebrecht que, em sua avaliação, comprometeriam as investigações das informações passadas à Procuradoria-Geral da República (PGR). As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
Investigadores da PF que cuidam dos casos que estão no Supremo Tribunal Federal (STF) destacaram, entre as falhas, o exagerado número de delatores – para a PF, deveria ter se restringido a no máximo seis executivos (ao todo 77 delações foram homologadas) –, a mudança na versão dos depoimentos e a ausência de documentos que comprovem o conteúdo das delações. Além disso, parte do material apresentado já teria sido apreendido em outras fases da Operação Lava-Jato e alguns dos supostos crimes já estariam prescritos.
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A PF e a PGR têm divergido, desde o início daoperação, em relação ao formato das delações premiadas – o que virou até ação no STF, movida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Em defesa das delações, em maio, Janot, afirmou que as investigações da Lava-Jato não teriam "evoluído" sem uso do recurso.
– É um instrumento poderosíssimo e, sem ele, as investigações não teriam evoluído até o presente momento – disse o procurador-geral.
Segundo a Folha apurou com pessoas envolvidas na investigação policial, haverá uma série de manifestações da PF contrárias à concessão de benefícios dada pela PGR aos delatores por falta de eficácia dos relatos.