O senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) levantou fortes críticas ao seu partido e repetiu que a legenda deveria deixar a base de apoio ao presidente Michel Temer (PMDB). Além disso, o tucano fez coro ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao declarar que Temer deveria ter um "gesto de grandeza" e enviar ao Congresso uma proposta para antecipar as eleições presidenciais e realizar o pleito daqui a oito meses.
– A antecipação das eleições para um prazo razoável significa a possibilidade de eleger um novo governo legitimado pelo voto da população – disse o senador em conversa com jornalistas após um debate sobre reforma política em São Paulo.
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– Com uma medida como essa, eu acho que ele dá uma pacificada geral, mostra desapego e produz um gesto de bastante grandeza – disse o senador.
Ferraço afirmou que a antecipação das eleições deveria ser proposta por Temer, assim como sugeriu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e apoiada pelo PSDB.
– O governo não me parece ter condições de continuar liderando essas transformações – afirmou Ferraço, ao falar das reformas.
Mea culpa
O senador criticou o PSDB e afirmou que seu partido deveria fazer um "mea culpa" ao país após ter se tornado uma "commodity".
– Eu acho que nós nos afastamos dos nossos princípios, dos nossos valores e viramos, de certa forma, uma commodity –afirmou.
Ferraço defendeu que Aécio Neves se afaste definitivamente da presidência da legenda e abra espaço para a eleição do senador Tasso Jereissati (CE) como o presidente definitivo do partido.
– Uma vez presidente em definitivo, ele começará a construção de uma trajetória de reencontro do PSDB com seus valores, princípios e
propósitos – defendeu Ferraço. – Eu acho que nós erramos e precisamos ter a humildade de admitir os equívocos publicamente, de fazer um mea culpa e de reconstruir a nossa história.
Conselho de Ética
Ferraço afirmou que foi precipitada e equivocada a decisão do presidente do Conselho de Ética do Senado, João Alberto Souza (PMDB-MA), ao arquivar o pedido de cassação contra o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG).
– Foi precipitado. Ele deveria ter minimamente distribuído o processo a um relator, que deveria por óbvio ouvir o senador Aécio e seu advogado – disse Ferraço. – Eu acho que passou um sentimento de corporativismo e impunidade. Isso não foi bom – declarou o senador.