O Instituto Teotônio Vilela, ligado ao PSDB, emitiu uma carta de formulação nesta terça-feira (27) afirmando que não há provas contra o presidente Michel Temer na denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). No documento, o ITV diz ainda que o País não tem nada a ganhar com a queda de Temer.
"Pode, sim, haver corrupção, mas o que a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou ontem (segunda-feira) seguramente não contém provas necessárias e suficientes para a condenação de um presidente da República. O histórico recente de exageros e abusos por parte dos procuradores federais não ajuda", diz a nota.
Para o ITV, que é presidido pelo ex-senador José Aníbal (PSDB-SP), a acusação tem fragilidades e o conteúdo é baseado na delação do empresário Joesley Batista, da JBS. "Não há, pelo menos por ora, uma prova inconteste, uma evidência acachapante ou um depoimento irrefutável que leve a uma condenação inequívoca. O que se tem – por ora, repita-se – é a palavra do maior réu confesso do País contra a de Temer. Nada além disso."
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A suposta estratégia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de fatiar as acusações contra Temer em mais de uma denúncia foi criticada pelo instituto na formulação. "Parece querer dar maior volume e criar um efeito de avalanche de ilícitos, além de suscitar votações variadas no Congresso, quando sua prática corrente em outros processos foi reunir tudo em peças únicas. Por que será?", diz o documento.
A possibilidade de afastamento de Temer e uma nova eleição é rechaçada pela nota técnica. O texto considera que seria ruim ao País o cenário de Temer ser afastado, o presidente da Câmara assumir, um mandatário ser eleito por via indireta e outro por via direta nas eleições de outubro de 2018. "O que temos a ganhar entrando nessa roda-viva?"
Para o instituto ligado à legenda tucana, a eventual queda de Temer atenderia aos interesses do PT. "Tudo o que pediram a Deus é um fim peremptório para aquele que, segundo sua versão dos fatos, ascendeu ao poder por meio de um 'golpe'." E destaca que a PGR "de forma estranhíssima" até agora não cogitou fazer denúncias contra os ex-presidentes Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva no caso JBS.
A nota reforça que, por enquanto, o presidente Michel Temer não é culpado nem inocente e que ele deve responder jurídica e politicamente ao processo.
A manifestação do instituto se contrapõe à de alguns tucanos, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador Ricardo Ferraço, que defenderam a antecipação das eleições diretas e consequente saída do governo do presidente Temer.