Preso na Operação Lava-Jato, Lúcio Funaro, apontado como operador do deputado cassado Eduardo Cunha, tenta negociar acordo de delação que deve ter o presidente Michel Temer como um dos principais alvos de acusações. A prisão de Roberta Funaro, irmã do doleiro, na Operação Patmos, deflagrada após delação da JBS, seria um dos fatores que teriam influenciado na mudança de postura de Funaro. Roberta foi detida por receber dinheiro que teria o irmão como destino. As informações são da revista Época.
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Segundo a publicação, a possível delação de Funaro é considerada importante, mas é analisada com cuidado pelos procuradores do Ministério Público Federal, porque o operador, conhecido por blefar, não é considerado confiável em negociações. Devido ao histórico do potencial delator, a Procuradoria-Geral da República (PGR) deverá ser rigorosa em relação ao caso e não tem pressa em tomar uma decisão, conforme a revista.
No entanto, o material prometido por Funaro seria capaz de aumentar a crise política que atinge o governo de Michel Temer. Em sua proposta, Funaro teria listado 12 itens que atingem o presidente. Transações bancárias e entrega de dinheiro vivo estariam entre os fatos apontados pelo doleiro, que diz ter sido captador ilegal de verbas para a campanha de Temer a vice-presidente na chapa de Dilma Rousseff em 2014, segundo a Época. Funaro disse que Temer atuou junto ao Banco Central para favorecer o banco BVA em troca de vantagem indevida.
Segundo o operador, indicados do PMDB a cargos estratégicos na Caixa Econômica Federal, a partir de 2011, trocavam financiamentos por propina para o partido. Temer estaria envolvido na manobra.
Moreira Franco, um dos principais aliados de Temer no governo, também é citado por Funaro. O operador diz que o ministro favoreceu a Odebrecht quando ocupava a vice-presidência da Caixa no governo Dilma. Moreira Franco, quando comandou a pasta da Aviação Civil, também teria participado de esquema para garantir vantagens a empresa aéreas.
A JBS também aparece entre os alvos de Funaro. De acordo com a reportagem, o operador diz que pode dar detalhes sobre como a J&F, controladora da JBS, conseguia informações privilegiadas do mercado. Após Comissão de Valores Mobiliários (CVM) apura possível jogada da empresa para lucrar com o ambiente de crise após a divulgação de parte da delação de Joesley Batista, um dos donos da JBS.
Em nota, a assessoria do presidente Michel Temer afirmou que não tinha relação com Funaro e que é "impossível" que o lobista tenha feito algum tipo de transação financeira para Temer.