A Força Aérea Brasileira (FAB) afirmou, por meio de nota, que o avião interceptado com 653,1 quilos de cocaína no domingo (25) decolou da Fazenda Itamarati Norte, no município de Campo Novo do Parecis (MT). A Itamarati Norte pertence ao Grupo Amaggi, empresa da família do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, segundo informações publicadas no site do grupo. Conforme a FAB, a localização de partida foi informada pelo piloto da aeronave que carregava a droga "durante a aplicação das medidas de policiamento do espaço aéreo".
A informação inicial era de cerca de 500 quilos de cocaína. Segundo a Polícia Militar (PM) de Goiás, foi a maior apreensão da droga no Estado. O volume foi avaliado em R$ 13 milhões e, após o refino, poderia quintuplicar a quantidade inicial.
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Segundo a FAB, o avião bimotor, matrícula PT-IIJ, decolou da Fazenda Itamarati Norte com destino a Santo Antônio Leverger (MT). Quando a informação chegou à imprensa, a assessoria de imprensa do ministro afirmou que divulgaria uma nota sobre o assunto em seguida.
A interceptação da aeronave se deu na Operação Ostium. A investigação é coordenada pelo Comando de Operações Aeroespaciais (Comae), da Aeronáutica, em conjunto com a Polícia Federal e outros órgãos de segurança e mira voos irregulares que possam estar ligados a crimes como o narcotráfico.
A ação aconteceu no início da tarde de domingo. Segundo informações do Comae, a aeronave, em um primeiro momento, seguiu as instruções da defesa aérea, mas, em vez de pousar no local indicado, arremeteu.
Um piloto da Força Aérea comandou a mudança de rota e solicitou novo pouso, mas não obteve resposta. Com a negativa, um tiro de aviso foi disparado pela FAB. Após não responder, novamente, às solicitações da defesa aérea, o avião pousou na zona rural do município de Jussara, interior de Goiás, onde foi apreendido.
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Contrapontos
O que diz o ministro da Fazenda, Blairo Maggi:
Por meio de sua conta oficial no Twitter, o ministro afirmou que está acompanhando as investigações policiais. Conforme Maggi, a fazenda arrendada pela Amaggi é extensa e enfrenta "a ação vulnerável do tráfico".
"MT é um estado continental, vulnerável à ação do tráfico internacional pelas fronteiras que possui", escreveu o ministro nas redes sociais.
O que diz o Grupo Amaggi:
Em nota, o grupo Amaggi disse que o "local exato da decolagem da aeronave interceptada ainda será objeto da devida investigação, uma vez que a procedência divulgada até então foi apenas declarada pelo piloto durante abordagem do policiamento aéreo".
A empresa nega qualquer ligação com a aeronave e afirma que não emitiu autorização para pouso ou decolagem em uma das pistas. A Fazenda Itamarati tem 11 pistas, conforme o grupo, autorizadas para pousos eventuais, usadas para operação de aviões agrícolas, e que não demandam vigilância permanente.
De acordo com o grupo, a região de Campo Novo do Parecis "tem sido vulnerável à ação de grupos do tráfico internacional de drogas, dada a sua proximidade com a fronteira do Estado de Mato Grosso com a Bolívia".
Em abril deste ano, a empresa informou ter cooperado com a Polícia Federal quando uma aeronave clandestina tentou pousar com cerca de 400 quilos de drogas em uma das pistas auxiliares.