Em mais uma demonstração de alinhamento com o governo, o presidente do PSDB e da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Tasso Jereissati (CE), anunciou juntamente com o relator da reforma trabalhista, o tucano Ricardo Ferraço (ES), que o parecer do projeto será lido normalmente na comissão nesta terça-feira (23) e que o calendário de tramitação da reforma está mantido.
– A reforma não é uma questão de governo, mas de País. Nosso compromisso é mostrar que estamos trabalhando normalmente e que os acontecimentos políticos independem do nosso trabalho. Vamos trabalhar para dar seguimento ao processo de reforma – afirmou Jereissati.
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Na semana passada, logo após a divulgação dos áudios entre os donos da JBS e Michel Temer, que indicavam aval à compra de silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o relator do projeto anunciou a completa suspensão do calendário do projeto e afirmou que não apresentaria mais o relatório e que a reforma trabalhista havia se tornado "secundária".
O anúncio da tarde desta terça representa um recuo do tucano.
– Apresento o relatório da reforma trabalhista amanhã na CAE. Após a votação, apresento o parecer na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), como previsto. O calendário está mantido – anunciou.
Entretanto, o relator pondera que haverá pressão de outros partidos e que é possível que haja atrasos nas votações. A previsão era que o projeto fosse votado no plenário do Senado entre 12 e 15 de junho.
Segundo o relator, a mudança em seu posicionamento aconteceu após reuniões com lideranças partidárias, que entenderam que era melhor dar continuidade à pauta.
– Não podemos misturar crise de governo com interesse nacional – argumentou.
Modificações
Ferraço já havia anunciado que faria algumas modificações ao texto. Porém não haverá emendas de mérito no projeto que veio da Câmara. Para não correr o risco de que o projeto volte à análise dos deputados, o relator vai apontar as modificações em seu parecer contando com o compromisso de veto do presidente Michel Temer.
– São vários os ajustes que faremos nesse projeto e a estratégia que estamos adotando para não perder tempo é fazer o ajuste com veto presidencial e poderão ser complementados com edição de medida provisória.
Quando questionado sobre os riscos de aprovar um projeto com compromisso de veto de um presidente sob investigação e sob risco de cassação, o senador afirmou que o acordo não inclui apenas o presidente, mas os diversos partidos no Congresso e, "independentemente de quem estiver no Poder, o compromisso de veto será mantido".
Permanência no governo
O presidente do PSDB se esforçou em mostrar que é preciso dar clima de normalidade ao Congresso. Além da reforma trabalhista, Tasso confirmou que as indicações para o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), feitas pelo presidente Michel Temer, serão analisadas pela Comissão de Assuntos Econômicos na reunião da próxima semana.
Quanto à permanência do partido no governo, Tasso afirmou que o PSDB analisa a questão com "muita responsabilidade". "Vamos acompanhar a situação pelo Judiciário para termos uma decisão consolidada, com as votações de suspensão de inquérito contra o presidente no STF e a cassação da chapa no TSE. As denúncias são gravíssimas, mas isso não significa férias para o Senado e recesso para a Câmara."
*Estadão Conteúdo