Após o presidente Michel Temer ordenar a convocação das Forças Armadas para conter a violência durante protestos em Brasília, na quarta-feira (24), o ministro da Defesa, Raul Jungmann, avaliou que a Polícia Militar (PM) do Distrito Federal (DF) não falhou no planejamento de segurança para a manifestação de centrais sindicais contra as reformas do governo e pela renúncia do presidente Michel Temer. Jungmann reconheceu, no entanto, que a PM "não teve como conter" a ação de black blocs e "outros grupos de vândalos".
– Entramos com orientação defensiva: as Forças Armadas não foram orientadas a reprimir nem entrar em contato ou conflito com os manifestantes, isso continuou com a Polícia Militar – afirmou o ministro ao programa Gaúcha Atualidade, nesta quinta-feira (25). – As Forças Armadas entraram para garantir a vida dos servidores e (a segurança) dos Poderes, e não houve nenhum confronto, não foi ferido nenhum direito humano de sequer um único manifestante.
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Jungamnn reiterou que os serviços de inteligência do governo federal e do DF identificaram que haveria a participação de grupos violentos no protesto.
– Setores da polícia nos informavam de que tinham grupos que viriam (a Brasília), que seriam grupos de 500 (manifestantes) e que se dividiriam. Nós sabíamos disso, então era algo previsível – admitiu.
O Ministério da Defesa escalou 1,5 mil militares para fazer a segurança no entorno do Palácio do Planalto e da Esplanada dos Ministérios após decreto assinado por Temer. Nesta quinta, o presidente se reunirá com quatro ministros para avaliar se mantém ou revoga a medida.
– A situação sendo de tranquilidade e não havendo informações de que existem outros protestos que venham a repetir esses atos de vandalismo, nós poderemos tomar essa decisão (de revogar o decreto) – explica o ministro.
Na tarde de quarta-feira, a Defesa informou que tinha convocado as Forças Armadas atentado pedido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). No entanto, mais tarde, o democrata afirmou que havia solicitado apenas o reforço da segurança com o efetivo da Força Nacional. Jungmann justificou que o ruído de comunicação entre o governo e Maia ocorreu porque havia apenas "pouco mais de cem homens" da Força Nacional disponíveis para atuar em Brasília, obrigando a convocação de militares do Exército e da Marinha.
– Obviamente, era um efetivo inteiramente incapaz de restaurar a ordem e garantir a vida das pessoas – afirmou o ministro.
O protesto acabou com 49 pessoas feridas e oito presos, conforme a assessoria de comunicação da Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social do Distrito Federal (SSP-DF). Dos feridos, ao menos um foi atingido por disparo de arma de fogo. No entanto, ainda não foi esclarecido se era de munição letal. O autor do disparo não foi identificado até o momento.