Líder da oposição que quase derrubou a sequência de quatro vitórias consecutivas do PT em 2014, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) se transformou em um político fantasma a partir da divulgação de trechos da delação dos donos do grupo JBS.
Após ser exposto em diálogos comprometedores, que envolvem o repasse de R$ 2 milhões, ele teve seu o afastamento do mandato parlamentar determinado pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
A força da conversa gravada por Joesley Batista e as imagens da entrega do dinheiro acabaram gerando reação no PSDB. Tucanos de várias partes do país pediram a saída do senador da presidência do partido, o que acabou ocorrendo ao final do dia. O senador Tasso Jereissati (CE) assumiu o comando da legenda.
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Controlador do frigorífico, Joesley entregou ao Ministério Público Federal (MPF), no dia 10 de maio, gravações nas quais registra pedidos de dinheiro de Aécio. Ele foi gravado solicitando R$ 2 milhões a Joesley. Nesta quinta-feira, o parlamentar enfrentou novo revés: em operação, a Polícia Federal fez buscas em seus endereços pessoais e profissionais.
Agentes da PF realizaram buscas no prédio onde mora Aécio, no bairro Anchieta, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, em fazendas da família Neves no interior de Minas Gerais e no gabinete do senador no Congresso.
Andréa Neves, irmã de Aécio e seu braço direito na vida pública, que teria intermediado o pedido de recursos a Joesley, e o primo de ambos, Frederico Pacheco de Medeiros, que teria recebido parte do dinheiro, tiveram sua prisão preventiva decretada por Fachin. A PGR chegou a pedir a prisão de Aécio, mas o ministro negou a solicitação. Andréa está em uma ala separada no Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto, em Belo Horizonte. A lei permite o isolamento de um detento quando houver riscos a sua integridade física.
Por meio de sua defesa, o senador admitiu o encontro com Joesley, ocorrido em 24 de março, em um hotel de São Paulo, mas alegou que mantinha com o empresário uma relação pessoal de amizade sem conexão com suas atividades políticas. Os advogados de Aécio alegam que ele pediu um empréstimo ao executivo, e que sua intenção inicial era vender um apartamento a Joesley, que se propôs então a emprestar o dinheiro.
– Tratou-se única e exclusivamente de uma relação entre pessoas privadas, em que o senador solicitou apoio para cobrir custos de sua defesa, já que não dispunha de recursos para tal – afirmou o advogado de Aécio, José Eduardo Alckmin.