Após se reunir, na noite desta segunda-feira, com o presidente Michel Temer e ministros para discutir o clima da base aliada com as reformas no Congresso, o líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), afirmou que a greve geral de sexta-feira não deve atrapalhar as próximas votações.
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Segundo o parlamentar, os participantes do encontro desta segunda-feira, no Palácio da Alvorada, fizeram uma avaliação "positiva" da aprovação dos textos da reforma trabalhista, ocorrida na semana passada na Câmara, e traçaram a programação dos próximos passos.
A expectativa do deputado é que uma "ampla maioria" aprove a reforma da Previdência na comissão especial que debate o tema. Ele disse ainda que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, esclareceu aos líderes da base na Câmara e no Senado a importância da votação das reformas para a "consolidação do ajuste" que vem sendo promovido pelo governo, e para trazer mais "credibilidade" ao país.
Aguinaldo Ribeiro concordou com a avaliação do Planalto sobre o impacto das mobilizações ocorridas há três dias contra as reformas.
– O governo já havia feito uma avaliação. Acho que houve muito mais um piquete em relação à mobilidade urbana do que propriamente adesão à greve. Adesão de greve é quando as pessoas deixam de trabalhar de forma espontânea para fazer uma manifestação espontânea em defesa ou em protesto de alguma coisa.
Para o líder, o que houve foram "piquetes das vias estratégicas tentando impedir que as pessoas fossem ao trabalho", afirmou, complementando que os atos não devem ter grandes impactos nas votações.
Segundo Aguinaldo Ribeiro, o governo tem dialogado com partidos que manifestaram preocupações com alguns pontos das medidas. Ele exemplificou que "muito" do que o PSB criticava "foi atendido" com as alterações promovidas nas últimas semanas pelo Planalto.
– Temos convicção de que temos maioria e teremos um placar majoritário (na votação da reforma da Previdência na comissão). Estamos em um momento de consolidação da base – acrescentou.
Sobre o convencimento da população dos pontos-chave da reforma da Previdência, Ribeiro concordou que trabalhar com a comunicação é um "desafio" para que se evitem a propagação de críticas com informações incorretas, como a de que o empregado precisaria trabalhar durante 49 anos para se aposentar.
Ribeiro disse ainda que dentro do cronograma da semana foi colocado também a votação da MP 752, que trata de concessões e a conclusão dos destaques da divida dos estados. Segundo o líder, não houve discussão para a mudança do texto e que agora é preciso esclarecer a reforma da previdência para a população.
Traições
Questionado se na conversa também foi discutida a insatisfação da base aliada com os "traidores" da base aliada que não votaram com o governo na reforma trabalhista, Ribeiro disse que "não foi o tema até porque estava o ministro Meirelles".
– O que se está fazendo é, dentro de um diálogo, procurar ainda essa consolidação da nossa base. Já tivemos uma série de motivações e estamos trabalhando no diálogo. O que posso garantir que tem uma cobrança da própria base para isso.
Na última sexta-feira, o responsável pela articulação do governo com o Congresso, o ministro Imbassahy admitiu que a reforma trabalhista deixou alguns aliados insatisfeitos, que o governo terá que fazer "os necessários ajustes" para evitar uma contaminação na base que amplie a dificuldade em torno da reforma da Previdência e que é preciso "tirar a laranja podre do cesto".
– Teve uma romaria, já vinha tendo esse tipo de inquietação, mas a partir da votação do trabalho aumentou – disse.
– Há parlamentares da base que estão inconformados com a conduta de seus parceiros – completou.
Segundo Imbassahy, o governo vai atender as solicitações "dentro da análise e interpretação".
– O que nos interessa é ter o voto (na reforma da previdência), mas também não dá pra conviver com situação em que parlamentares que tem posições no governo, cargos, atenção que o presidente dispensa e não contar com o voto – completou.
– Não podemos arriscar ter menos de 308 por uma contaminação da base. Nem pensar. Temos que tirar a laranja podre do cesto – ressaltou.
Presentes
Além de Temer, Meirelles e Ribeiro estiveram na reunião o ministro chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha; o Ministro da Secretaria de Governo, Antônio Imbassay; Ministro da Educação, Mendonça Filho; Ministro chefe da Secretaria Geral da Presidência, Moreira Franco; Presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ); Senador Romero Jucá, líder do Governo no Senado; Deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), relator da Reforma da Previdência; Deputado Heráclito Fortes (PSB-PI); e o Secretário de Previdência do Ministério da Fazenda, Marcelo Caetano.
*Agência Brasil