Um dos pontos mais delicados da delação feita pelos dirigentes da atacadista de carnes JBS foi a revelação de que um procurador da República informava os criminosos sobre os passos do Ministério Público Federal (MPF).
A informação, repassada por Joesley Batista, fundador da JBS, levou à prisão do procurador da República Ângelo Goulart Vilella. Ele fazia parte da força-tarefa da Operação Greenfield, que investiga um esquema de uso irregular de dinheiro de fundos de pensão.
Vilella chegou a jantar com Joesley, mesmo sabendo que ele era o grande investigado da operação. Joesley inclusive tirou foto dele, enquanto tomavam vinho, no encontro noturno em Brasília. Participaram da janta o advogado Willer Tomaz (que defendia uma empresa de Joesley, a Florestal Eldorado, num processo judicial) e o diretor-jurídico da JBS, Francisco de Assis e Silva.
Silva e Joesley se transformaram em colaboradores premiados da Justiça Federal e delataram que o procurador Vilella era seu informante. A aproximação entre eles e o integrante do MPF se deu por meio do advogado Tomaz.
Conforme Francisco Silva, o advogado Willer Tomaz pagava "um mensalinho" de R$ 50 mil ao procurador da República para que esse o informasse sobre os passos da Operação Greenfield. A recompensa de Tomaz seriam R$ 2 milhões se vencesse a causa - outros R$ 2 milhões ele cobrou antecipado, apenas pela defesa prévia.
Francisco Silva informou, em depoimento à Justiça, que o procurador gravou uma das reuniões da força-tarefa da Greenfield e repassou o vídeo ao advogado Willer Tomaz, que depois o passou a Joesley Batista.Após a delação, o recebimento dos vídeos da reunião no MPF e também da foto que prova a participação do integrante do MPF com os investigados, a Justiça Federal decretou a prisão do procurador Ângelo Vilella. Ele também foi exonerado de suas funções a pedido do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot.