Nomeado ministro da Justiça em meio à maior crise do governo do presidente Michel Temer, Torquato Jardim afirmou, em entrevista à Folha de S.Paulo, que vai "avaliar" mudanças no comando da Polícia Federal (PF).
– Eu vou avaliar. Vou ouvir a recomendação do presidente, de outras personalidades que conhecem o assunto, fazer o meu próprio juízo de valor e decidir. Não vou me precipitar nem antecipar nada – afirmou Torquato, que foi anunciado por Temer para o lugar de Osmar Serraglio no domingo (28).
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O novo ministro negou que esteja sendo nomeado para interferir na Lava-Jato, mas não voltou atrás nas críticas já feitas à operação, como, por exemplo, a condenações supostamente sem provas que foram reconhecidas pela Justiça Federal e às extensas prisões provisórias.
– Lancei dúvidas clássicas de um advogado. As prisões são legais, isso é certo. O que me preocupa é a fundamentação correta e precisa do tempo de prisão temporária, quanto ela deve se alongar. E essa preocupação não é só minha. É do Supremo (Tribunal Federal). Mais de um ministro já falou sobre isso – afirmou à Folha horas depois de ser nomeado para a Justiça.
Em entrevista ao jornal Diário do Povo do Piauí, concedida em maio de 2016, um mês antes de ser indicado para o Ministério da Transparência, Torquato reagiu com ceticismo à possibilidade da Operação Lava-Jato trazer mudanças à cultura da corrupção no país.
O novo ministro da Justiça falou, ainda, falou sobre sucessão de Rodrigo Janot no comando da Procuradoria-Geral da República (PGR). Ele defendeu que outras associações do Ministério Público Federal, além da ANPR (Associação Nacional de Procuradores da República), façam listas para disputar o comando.
– Temos oito colegas que se candidataram, vão fazer debates, percorrerão o Brasil e receberão votos para compor a lista (tríplice, encaminhada ao presidente). Diante disso, nós vamos estudar a melhor solução. Não sei também se outros ramos do Ministério Público não farão listas para o comando da PGR.
Torquato Jardim é ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), corte que julga daqui oito dias ação que pode levar à cassação do presidente.