Apesar do pronunciamento feito pelo presidente Michel Temer na tarde desta quinta-feira (18), quando afirmou que não irá renunciar ao mandato, a bancada gaúcha na Câmara dos Deputados e no Senado Federal concorda que a saída menos dolorosa para o país é a renúncia do presidente Michel Temer, após ele ter sido citado em delação do dono da JBS, Joesley Batista. Caso o presidente não renuncie, a maioria dos parlamentares defende a abertura de processo de impeachment.
Dos 31 parlamentares da bancada gaúcha na Câmara Federal, 20 defendem a saída de Michel Temer da presidência – inclusive integrantes da base aliada. Do total de deputados, seis não foram localizados pela reportagem e cinco não se posicionaram sobre o assunto. No Senado, os três senadores gaúchos são favoráveis à renúncia do presidente.
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A maioria dos parlamentares que se posicionou defende a renúncia, enquanto o deputado Covatti Filho (PP) pede a abertura de processo de impeachment. Já o deputado João Derly (REDE) é a favor da cassação da chapa Dilma/Temer no TSE.
Do total de parlamentares contatados, 17 se posicionaram favoráveis a realização de eleições diretas e a aprovação da PEC 227/2016, que prevê eleições diretas em caso de renúncia ou cassação do presidente da República. Todos os três senadores se posicionaram favoráveis a realização de eleições diretas. Para isso, é preciso votar a PEC, que está parada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) desde meados do ano passado. Na Câmara Federal, apenas três deputados se posicionaram favoráveis a realização de uma eleição indireta. Três deputados se manifestaram a favor de eleições indiretas para presidente.
ZH não conseguiu contato com os deputados Afonso Hamm, Danrlei, Jones Martins, Renato Molling. Os deputados Giovani Cherini e José Otávio Germano estão em licença médica e não puderam ser contatados.
Confira como se posicionam os parlamentares:
PLACAR
RENUNCIA: 18
IMPEACHMENT: 1
CASSAÇÃO DA CHAPA: 1
Não se posicionaram: 4
Não foram contatados: 7
ELEIÇÕES DIRETAS: 17
ELEIÇÕES INDIRETAS: 3
DEPUTADOS
Afonso Motta (PDT-RS)
A favor da renúncia do presidente – a favor da aprovação da PEC
"Entendo que para o país seria bom que ele pedisse a renúncia, porque ele não tem legitimidade e está sendo investigado por fatos ocorridos durante o seu mandato. Defendo a PEC das eleições diretas. Mas vai necessitar de um acordo (para ser aprovada). Eu quero dizer que é preciso ter vontade da maioria, porque é uma alteração constitucional que exige quorum qualificado."
Assis Melo (PCdoB-RS)
A favor da renúncia do presidente – a favor da aprovação da PEC
"O movimento mais digno para ele seria a renúncia. Sobre o impeachment, é o processo que tem que ser feito, a via política que se tem. São as condições para resolver as questões que tem que ser resolvidas, vamos resolver ela dentro das condições politicas e democráticas e institucionais do nosso país. Sobre a aprovação da PEC para eleições diretas nós vamos procurar dar celeridade a isso e resolver dentro das condições políticas que nós temos".
Cajar Nardes (PR-RS)
A favor da renúncia – a favor de eleições indiretas
"Acho que ele deveria renunciar. Se não renunciar, perde toda a legitimidade, pois já não teve voto direto. Mas o impeachment é sangria, vai recair sobre a situação. Não dá tempo para um processo tão demorado quanto este. A eleição de um novo presidente seja ela de forma direta ou indireta, tem que ser realizada no sentido de escolher uma pessoa com idoneidade, que tenha realmente um passado transparete, límpido. Vai precisar de muito transparência na sua vida pregressa para conseguir manter minimamente o país durante este um ano e meio".
Carlos Gomes (PRB-RS)
A favor da renúncia – a favor da aprovação da PEC (com ressalvas)
"Se ele renunciar, é menos problema para resolvermos. Sobre o impeachmant, havendo os elementos necessários e a Câmara achar que sim, tem que abrir. Eu não sou contra a aprovação da PEC para eleições diretas, mas têm muitas perguntas em aberto, se a eleição direta vai antecipar a eleição do ano que vem, se a eleição será completa ou só para presidente. A decisão que for adequada para resolver o problema terá o meu voto."
Covatti Filho (PP-RS)
A favor do impeachment – a favor da aprovação da PEC
"O impeachment é um processo muito demorado, tem que ser instaurado pelo presidente da Câmara dos Deputados, tem toda a parte legal como teve no passado recente. Se tiver tramitação, eu voto a favor. Sou a favor da aprovação da PEC, sou a favor da eleição direta."
Elvino Bohn Gass (PT-RS)
A favor da renúncia – a favor da aprovação da PEC
"Sou a favor da renúncia porque ele nem deveria estar lá. Ele é ilegítimo, só governou para os ricos e ainda é corrupto. Acho que tem que ser aberto o impeachment, o PT faz hoje uma entrada oficial com outros partidos. O centro das nossas atividades é a PEC 227 para eleições diretas. Precisa haver "Diretas Já". Não queremos votar mais nada, nenhuma reforma, só queremos votar a PEC com urgência. Só depende de vontade política".
Herinque Fontana (PT-RS)
A favor da renúncia – a favor da aprovação da PEC
"A renúncia dele e o afastamento imediato são imperiosos. O impeachment não serve, a condição política já está perdida, o país não suporta mais um. Tomara que ele renuncie, seria falta de dignidade dele tentar continuar. Para eleger um novo presidente só existem duas maneiras: ou os 513 deputados escolherem novo presidente, o que eu considero um desastre pois estão com déficit de legitimidade enorme; ou são realizadas eleições diretas, que é o que eu defendo que ocorra o quanto antes. A maneira de fazer a transição é com um governo de três meses dirigido pela ministra Carmen Lúcia (presidente do STF)."
Heitor Schuch (PSB-RS)
A favor da renúncia – a favor da aprovação da PEC
"Se ele não renunciar, eu sou a favor do impeachment, para poupar o parlamento de fazer um novo processo de impedimento. Seria longo, desgastante e muito ruim para todo mundo. Atrapalha a economia, os setores produtivos, fica aquela incerteza e embate jurídico permanece. A aprovação da PEC (227/2016) deveria ter acontecido no processo de impedimento da presidente Dilma e dar ao povo a condição de escolher quem ele quer que governe este país. A eleição indireta é uma coisa muito abstrata, é um negócio que vai se ter de novo aqui na casa deputados querendo tirar vantagem."
Jerônimo Goergen (PP)
A favor da renúncia – a favor da aprovação da PEC
"Obviamente que o tempo do governo é só o tempo das gravações virem a público. O governo vai tentar se sustentar de lá, mas ele não escapa nesse cenário de hoje. Ele só tem um movimento a fazer que é ele pedir para sair. Se ele renuncia, o Rodrigo (Maia) já marca a eleição indireta. O melhor é uma eleição direta, com certeza, que eu apoio".
João Derly (REDE)
A favor da cassação da chapa Dilma-Temer – a favor da aprovação da PEC
"Por mais duro que seja, não pode viver na escuridão e na mentira. Os últimos anos o PT, o PMDB, PSDB e outro partidos tradicionais fizeram a política um balcão de negócios. A Lava-Jato mostra isso. O governo Temer não se sustenta mais, já estamos pedindo desde antes que o TSE pudesse julgar a chapa Dilma/Temer, para que pudéssemos ter novas eleições, sem mentiras. Daríamos as chances para as pessoas decidiram o rumo do nosso país novamente. A outra alternativa seria uma PEC, que daí poderíamos ter eleições diretas."
José Fogaça (PMDB-RS)
A favor da renúncia – a favor de eleições indiretas
"Caso essa situação se comprova plenamente, o melhor para o país seria uma atitude do presidente. Há outras alternativas via STF, TSE, mas eu acho que, para o país, para o bem do país, uma atitude do presidente. Penso que, como já estamos chegando na metade do ano e a eleição será em 2018, é justamente esse o prazo para se organizar uma eleição direta. Menos prazo do que isso é impossível. Não é que eu tenha preferência pela eleição indireta, mas diante da situação concreta que está se vivendo, seria o caso de assumir a presidente do STF, alguém completamente isento do ponto de vista político, para garantir a realização do pleito que já está previsto nesse período".
Jose Stédile (PSB)
A favor da renúncia – a favor de eleições indiretas
"O que vai acontecer não é uma coisa nem outra, se ele renunciar ele perde foro privilegiado. O melhor seria ele renunciar. O impeachment é muito demorado e corre o risco dele não ser cassado. A melhor solução seria a cassação da chapa Dilma e Temer pelo TSE. Não acredito da PEC das eleições diretas também pela demora. O melhor seria o presidente Rodrigo Maia e o presidente do Eunício Oliveira se declararem impedidos para a Carmen Lucia realizar essa eleição indireta".
Maria do Rosário (PT)
A favor da renúncia – a favor da aprovação da PEC
"Prefiro a renúncia, porque ela é mais rápida. A renúncia poupa o país de um processo mais longo. A PEC do Miro Teixeira foi pautada para terça-feira, e eu sou favorável a aprovação pela eleição direta. Sou favorável a realização de eleições gerais. Esse Congresso não tem mais legitimidade".
Marco Maia (PT/RS)
A favor da renúncia – a favor da aprovação da PEC
"No caso do impeachment teríamos um período de desgaste político enorme para o país. Isto significaria um prejuízo, um atraso na crise profunda e interminável do Brasil. O Brasil precisa ter eleições diretas já. Ou a cassação do TSE. Fizemos um acordo com o presidente da CCJ pela votação dessa PEC para a próxima semana".
Marcon (PT)
A favor da renúncia – a favor da aprovação da PEC
"Qualquer uma das duas opções. Se não tiver renúncia, um impeachment. Não tem mais moral para continuar presidente. Sou a favor da aprovação da PEC para eleição direta".
Onyx Lorenzoni (DEM-RS)
A favor da renúncia – a favor da aprovação da PEC
"A renúncia daria uma saída rápida e menos traumática para o país. Vamos repetir tudo de novo um ano depois. Se a PEC entrar em pauta, eu vou voltar a favor. Não só voto a favor como faço campanha"
Paulo Pimenta (PT)
A favor da renúncia – a favor da aprovação da PEC
"Sou pela renúncia imediata. O golpe foi desmascarado. Os três principais personagens do golpe, Michel Temer, Aécio Neves e Eduardo Cunha, foram flagrado em um esquema criminoso de corrupção, propina e obstrução da justiça. O Temer não pode ser preso, senão já estaria na cadeia. Isso revela um esquema criminoso sem precedentes. Vou voltar pela aprovação da PEC das Diretas Já. Precisamos pactuar isso no país".
Pepe Vargas (PT)
A favor da renúncia – a favor da aprovação da PEC
"Ele deve renunciar. Seria a forma mais rápida e menos dolorosa ante a avasssaladora prova material. Sou a favor da aprovação da PEC que prevê eleições diretas. O povo é o soberano, como diz um dos princípios da constituição. O povo deve decidir e não um colegio eleitoral que tem baixa credibilidade no momento atual".
Pompeo de Mattos (PDT)
A favor da renúncia – a favor da aprovação da PEC
"Sou a favor primeiro da renúncia. Segundo que seja antecipado o julgamento das contas da chapa Dilma-Temer no TSE, que resolve a questão na minha opinião. Se tudo isso não resolver, o processo de impeachment, que é mais doloroso e mais demorado, deve funcionar. Como falei na votação do impeachment, quero novas eleições limpas, para, mais do que limpar a sujeira, lavar a alma da população".
Sérgio Moraes (PTB)
A favor da renúncia – a favor da aprovação da PEC
"Sou a favor primeiro que ele renuncie, e num segundo momento que ele seja impeachmado. Para economizar esse tempo, fazer com o que Brasil possa ter credibilidade. Vou voltar favoravelmente a aprovação da PEC. Sou contra mandato tampão de um ano e pouco".
SENADORES
Senador Paulo Paim (PT)
A favor da renúncia – a favor da aprovação da PEC
"O caminho melhor é ele renunciar. Ele faria um gesto ao país. Eu entrei com um projeto com eleições gerais já no governo Dilma. Já que o impeachment era inevitável ela renunciaria e chamaria eleições gerais. Ele não tem a mínima condição de ficar. Esse congresso não vai funcionar, não vai votar mais nada sem ele sair de lá".
Senador Lasier Martins (PSD)
A favor da renúncia – a favor da aprovação da PEC
"O desejável é a renúncia. Eu tenho a impressão de que ele não vai renunciar porque perde foro privilegiado ficaria sujeito a prisão. Defendi a volta imediata para trabalhar de Gilmar Mendes, que vive viajando pelo mundo, para presidir o TSE e coloque imediatamente em julgamento a chapa Dilma e Temer. O PT quer a eleição direta porque o Lula ainda pode concorrer, mas eu acho que mesmo ele que concorra, ele não teria muita chance. De fato, a antecipação da eleição seria o melhor".
Senadora Ana Amélia (PP)
A favor da renúncia – a favor da aprovação da PEC
"As saídas estão, na mão dele, que seria a renúncia, ou na mão da Justiça Eleitoral, que é o julgamento da chapa Dilmar-Temer por uso de caixa dois e outros delitos. E aí com a renúncia você apressa o desfecho da crise, eu penso que a dificuldades que estamos vivendo mostram do ponto de vista institucional essa saída, que é uma delas. A questão é que temos que ter o cuidado de encaminhar a solução da crise dentro do rito constitucional, isso é um cuidado que sem tem para não tornar o Brasil uma república da bananas."
Não posicionados – 4
Alceu Moreira (PMDB)
Não se posicionou
Luis Carlos Heinze (PP)
Não se posicionou
Mauro Pereira (PMDB)
"Se trata de um presidente da República. É muito importante, precisa ter uma declaração, uma nota do STF. Imediatamente o STF tem que se manifestar dizendo que aquilo que vazou ontem é verdadeiro e correto. Não tenho dúvida que se ele (Temer) tiver culpa no cartório, ele vai ser o primeiro a tomar a iniciativa e renunciar. Eu conheço o Temer".
Yeda Crusius (PSDB)
Não se posicionou
Não foram localizados – 7 (até às 19h15min)
Afonso Hamm (PR)
Danrlei de Deus (PSD)
Darcísio Perondi (PT)
Giovani Cherini (PR)
Jones Martins (PMBD)
José Otávio Germano (PP)
Renato Molling (PP)
*Colaborou Júlia Soares