O historiador e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Leandro Karnal vem sendo alvo de críticas nos últimos dias, após publicar foto de um jantar, na noite de sexta-feira, com o juiz federal Sergio Moro, responsável pelo julgamento das ações relacionadas à Operação Lava-Jato em primeira instância. Karnal apagou a postagem no Facebook, mas manteve a imagem do encontro no Twitter.
Além de Moro, também aparece na foto o juiz da 5ª Vara Federal de Maringá, Anderson Furlan Freire da Silva. O jantar com os magistrados gerou decepção entre seguidores de Karnal, já que o professor é visto como uma referência para militantes de esquerda.
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No domingo, Karnal utilizou o Facebook para se defender das críticas. O historiador afirmou que, "há algum tempo", é amigo de Furlan, "próximo ao juiz Moro". Conforme o professor, o magistrado da 5ª Vara Federal teria sugerido o encontro com o responsável pela Lava-Jato.
"Tenho imensa curiosidade em conversar com pessoas que fazem parte da história. Adoraria ter um jantar com Ciro Gomes, com Maria da Penha, com Maria do Rosário, com Lula e com outras pessoas. Todos me ensinariam bastante sobre sua visão de mundo, o que faria eu pensar muito. Realmente gostaria disto", justificou.
Karnal destacou que "o plano em comum" que tem com Moro é que ambos darão palestra na pós graduação da PUC com "muitos outros nomes do cenário nacional". Além disso, o professor reiterou que continua sendo "o mesmo".
"Para os que me seguem e gostam, enfatizo que continuo o mesmo, como continuaria pós um encontro com a presidente Dilma", explicou. "Meu interesse pelo mundo é maior do que qualquer outra questão. Continuo um crítico do racismo, da misoginia, da homofobia, um professor interessado de forma apaixonada na educação".
O professor destacou que recebeu diversas manifestações de apoio e crítica após a publicação da foto. Karnal ainda afirmou que tomará "mais cuidado" e disse que, quando tiver novas reuniões com autoridades e "pessoas de referência", guardará para si e "para o debate interno".
"Lamento a polarização no Brasil e lamento o clima que, por poucas explicações minhas, causei. Tomarei mais cuidado e desculpo-me por isto", disse. "O momento brasileiro é estranho e há uma vontade nacional de crucificar".