A defesa do doleiro Lucio Bolonha Funaro, apontado por investigadores da Operação Lava-Jato como operador do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), fez um pedido à Procuradoria-Geral da República para que ele possa dar um depoimento "com a intenção de esclarecer a verdade dos fatos manifestamente distorcidos no depoimento prestado pelo Sr. José Yunes".
Preso em 1º de julho do ano passado, pela Polícia Federal, na operação Sépsis, desdobramento da Lava-Jato, Funaro está no Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal. No documento enviado hoje à PGR, a defesa de Funaro solicita formalmente "que seja tomado o seu depoimento, colocando-se desde já à disposição desta PGR, inclusive, para realização de acareação diante dos senhores Eliseu Padilha, Cláudio Melo Filho e o próprio José Yunes".
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José Yunes, amigo e ex-assessor especial do presidente Michel Temer, foi à PGR por iniciativa própria e, em depoimento, disse que foi usado como "mula" pelo ministro-chefe da Casa Civil Eliseu Padilha, afirmando que o ministro lhe pediu que recebesse um "envelope" de Funaro. Nesse pacote haveria R$ 1 milhão para a campanha do PMDB de 2014, quantia proveniente do caixa 2 da Odebrecht.
A declaração de Yunes corrobora o depoimento do ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, que disse, em delação premiada, que o escritório de Yunes era um dos lugares usados para o depósito de dinheiro destinado às campanhas do PMDB.
Em novembro, numa audiência de custódia, a 10ª Vara da Justiça Federal, em Brasília, negou transferir Lucio Funaro a prisão domiciliar. Em fevereiro, o jornal O Estado de S. Paulo noticiou que o doleiro negocia acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal.
*Estadão Conteúdo