O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta quinta-feira que "não teme" a Operação Lava-Jato. Recém-eleito, o parlamentar foi citado em um acordo de delação premiada da Odebrecht.
– O enredo sobre a minha citação é falso – declarou à imprensa.
Leia mais:
Rodrigo Maia é reeleito presidente da Câmara no 1º turno
Eunício Oliveira é eleito presidente do Senado
Planalto trabalha para garantir aliados nos comandos da Câmara e do Senado
Para Maia, caberá ao novo relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, decidir se divulga ou não o conteúdo dos 77 depoimentos da Odebrecht.
– A independência do relator tomar todas essas decisões é importante –avaliou Maia.
Maia não quis comentar a iniciativa do senador Romero Jucá (PMDB-RR) de apresentar um projeto para quebrar o sigilo de todas as delações.
– Primeiro eu preciso ler o teor do projeto – respondeu. O novo presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), já sinalizou apoio ao texto.
Sobre a ida de Fachin para a relatoria da Lava-Jato no STF, por meio de sorteio, na manhã desta quinta-feira, Maia declarou que não cabe ao presidente da Câmara analisar a escolha. Ele elogiou a conduta de todos os ministros da Corte e considerou que todos possuem qualidades para exercer a função.
Reformas
Maia voltou a afirmar que a Câmara deve ser "reformista" e precisa atuar com mais protagonismo.
– Precisamos terminar 2018 com a certeza de que a Casa comanda a reforma do Estado brasileiro – declarou.
Ele confirmou que a comissão especial da reforma previdenciária será instalada na próxima semana, sob relatoria de Arthur Maia (PPS-BA).
Para Maia, foi justamente a condução das matérias econômicas do governo durante a sua gestão que garantiu apoio absoluto da base aliada e da sociedade. Ele espera que a reforma da previdência seja finalizada "o mais rápido possível", porém com tempo suficiente para ampliar o debate sobre o assunto "polêmico". Pelos cálculos do presidente, a tramitação da reforma da previdência deve ser encerrada na Casa até a metade do ano.
Outra prioridade do democrata será a reforma trabalhista. Após ser eleito, Maia afirmou que a comissão especial da proposta também deverá ser instalada em breve, com a designação de Rogério Marinho (PSDB-RN) para a relatoria. Alinhado com o governo, o democrata disse que buscava alguém com tendência liberal para a vaga. Até o final de sua nova gestão, ele planeja ainda discutir o pacto federativo e a reforma política.
Maia, que venceu a eleição em primeiro turno, com 293 votos, afirmou que o resultado não o surpreendeu.
– Eu tinha uma expectativa de 300 votos, mas voto secreto sempre tem uma perda, é natural. O importante é que eu venci. Se tivesse tido a quantidade mínima para me eleger, 253 votos, já estaria satisfeito – declarou.
*Estadão Conteúdo