Os operadores do PMDB Jorge e Bruno Luz, pai e filho respectivamente, foram presos pela Interpol, a Polícia Internacional, nesta sexta-feira, em Miami, nos Estados Unidos. Os lobistas são alvo da Operação Blackout, 38ª fase da Lava-Jato, deflagrada na quinta-feira, e foram dados como foragidos internacionais.
Bruno deixou o Brasil no dia 16 de agosto e seu pai Jorge no último dia 11 de janeiro. Ambos viajaram para os Estados Unidos e, segundo a Operação Blackout, não havia registro de que teriam retornado ao país.
Leia mais
Filhos do senador Edison Lobão têm contas bloqueadas na Suíça
Operadores do PMDB retornam ao Brasil "no menor tempo possível", diz defesa
Moro bloqueia R$ 50 milhões de operadores do PMDB e suas empresas
Os lobistas informaram à Justiça Federal no Paraná que retornam ao Brasil às 8h da manhã deste sábado, chegando no aeroporto de Brasília, e a defesa nega que pai e filho tenham sido detidos pela polícia de imigração americana.
Em petição encaminhada à Justiça, os advogados Gustavo Alves Pinto Teixeira e Rafael Cunha Kullman informaram que os dois "retornarão espontaneamente" ao país e embarcarão em um voo comercial que sai dos Estados Unidos às 22h25 desta sexta-feira.
"Ao que tudo indica no momento, eles haviam omitido informações às autoridades americanas e também estariam irregulares. Ainda não há previsão de eventual extradição ao Brasil ou expulsão", disse a nota da PF. Os advogados dos lobistas também negam que eles estejam irregulares nos EUA e afirmam que eles estão somente sob observação das autoridades depois que seus nomes foram incluídos na lista vermelha da Interpol.
De acordo com a Procuradoria da República, Jorge Luz e Bruno Luz têm quatro negócios da Petrobras que supostamente envolveram propina. Na lista estão a compra do navio-sonda Petrobras 10.000, o contrato de operação do navio-sonda Vitória 10.000, a venda da empresa Transener e o fornecimento de asfalto pela empresa Sargeant Marine.
De acordo com o procurador da República, Diogo Castor de Mattos, da força-tarefa da Operação Lava-Jato, "agentes políticos do PMDB no Senado" foram beneficiários de parte dos US$ 40 milhões de propina supostamente repassados pelos operadores do partido Jorge Luz e Bruno Luz. Pai e filho, afirmou o investigador, tiveram uma "atuação de longa data" no esquema de corrupção instalado na Petrobras, segundo o procurador.
"Há estimativas da Procuradoria-Geral da República de que essas pessoas (Jorge e Bruno Luz) movimentaram em torno de US$ 40 milhões em pagamentos indevidos. Os beneficiários eram diretores e gerentes da Petrobras e também pessoas com foro privilegiado, agentes políticos relacionados ao PMDB. Há elementos que apontam que agentes políticos do Senado, ainda na ativa, foram beneficiários de parte desses pagamentos", afirmou.
Alvos da Operação Blackout, os operadores do PMDB usaram contas de empresas offshores no exterior para pagar propina "de forma dissimulada", segundo a Procuradoria da República. Durante as investigações, afirma a força-tarefa da Lava-Jato, foram identificados pagamentos em contas na Suíça e nas Bahamas.
Jorge Luz e Bruno Luz são investigados por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
*Estadão Conteúdo