Em sua primeira visita oficial ao Rio Grande do Sul, o presidente Michel Temer entregou 61 ambulâncias e anunciou a intenção de construir um presídio federal de segurança máxima no Estado, em cerimônia no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. Preparado sob medida para melhorar a imagem de Temer, o evento ocorreu longe da população, em local com acesso restrito e à prova de protestos, depois de sobrevoo da região de Rolante, atingida por inundação na última sexta-feira.
O palco para o discurso de Temer foi montado dentro de um dos pavilhões do parque, cercado por forte esquema de segurança, aberto apenas a convidados e à imprensa previamente credenciada.
Do lado de fora, manifestantes protestaram contra o governo Temer e a gestão do governador José Ivo Sartori, presente à solenidade, mas nenhum dos dois sofreu qualquer tipo de constrangimento – dentro do pavilhão, o barulho dos manifestantes sequer foi ouvido.
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Logo depois de chegar ao parque, de helicóptero, Temer entrou em uma das ambulâncias, acompanhado de Sartori e de ministros. Ouviu uma explicação sobre os equipamentos internos, posou para fotos e subiu ao palco. Foi o último a falar.
Em seu discurso, elencou ações em andamento no governo federal, entre elas as reformas trabalhista e da Previdência, e destacou por várias vezes a "capacidade de diálogo com o Poder Legislativo" e a preocupação em "controlar os gastos públicos".
Ao mencionar a entrega das ambulâncias, disse que "a saúde está no centro das prioridades do governo".
– Qual foi a primeira acusação que se fez quando enviamos o projeto do teto de gastos? Que íamos acabar com a saúde e educação. Pois contra esse argumento apresento um documento, o orçamento que preparamos para o ano que vem. Nós aumentamos as verbas para saúde e educação. Sabemos que saúde e educação são indispensáveis para o desenvolvimento social. É por isso que estamos aqui hoje, gastando dinheiro, entregando novas viaturas para o país – afirmou Temer.
As novas ambulâncias serão usadas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em 61 municípios gaúchos – uma por cidade. A medida renova 27% da frota do Samu no Estado, uma antiga reivindicação de prefeitos.
Entre os municípios contemplados, 54 receberam unidades básicas e sete ficaram com UTIs móveis, que funcionam com a presença de um médico a bordo. Pelas regras federais, as prefeituras podem pedir a substituição dos veículos quando completam 200 mil quilômetros rodados ou três anos de uso. A nova leva entregue era solicitada desde março de 2015.
Em seu discurso, Temer também falou sobre a segurança pública, que classificou como "lamentavelmente em evidência". Em seguida, declarou a intenção de erguer 25 presídios no país, sendo cinco de segurança máxima, com investimento de R$ 900 milhões.
– Queremos construir aqui no Rio Grande do Sul um presídio federal de segurança máxima – limitou-se a dizer, informando já ter falado com Sartori sobre o assunto.
Conforme ZH apurou, a proposta não deve sofrer resistência do governo gaúcho. Na semana passada, o secretário da Segurança Pública, Cezar Schirmer, já havia sinalizado o interesse do Estado no empreendimento ao próprio presidente. Cinco unidades integram o Plano Nacional de Segurança Pública e ainda não têm local definido nem data para início das construções, mas serão erguidas em cinco regiões diferentes do país.
Antes da manifestação de Temer, Sartori havia dito que era "uma honra" recebê-lo em sua primeira visita oficial ao Estado e fez elogios ao presidente e aos ministros presentes, especialmente aos gaúchos Eliseu Padilha (Casa Civil), Osmar Terra (Desenvolvimento Social) e Ronaldo Nogueira (Trabalho).
O governador aproveitou a ocasião para destacar as mudanças em curso no Estado, afirmando que o Rio Grande do Sul foi o primeiro a "fazer o dever de casa" em busca de "uma nova realidade nas finanças públicas". Em seguida, deu um recado final a Temer:
– Presidente, nunca se preocupe com a impopularidade. Todos nós temos de fazer o que precisa ser feito nesse momento histórico.