Conhecido dos brasileiros pela ascensão e queda fulminantes, Eike Batista é alvo da Operação Eficiência, um braço da Lava-Jato no Rio, nesta quinta-feira. O empresário chegou a ser considerado o sétimo maior bilionário do mundo pela revista Forbes, em junho de 2012. Cerca de um ano depois, no entanto, um comunicado da petroleira OGX ao mercado começou a derrubar o sonho do empresário de ser o homem mais rico do planeta, quando a produção máxima dos poços da Bacia de Campos foi revista para um terço do valor inicial.
Em baixa, após entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, em 2014, o empresário se tornou piada na internet ao lamentar que havia voltado à classe média. Isso porque a fortuna do empresário foi pulverizada de US$ 31 bilhões a US$ 900 milhões no intervalo de 15 meses: em 31 de outubro de 2013, a OGX ingressaria com pedido de recuperação judicial.
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O mineiro de Governador Valadares nasceu em 1956. Eike passou a infância no Brasil e a adolescência na Europa, onde iniciou os estudos em engenharia metalúrgica na faculdade de Aachen, na Alemanha. Ele é filho de Jutta Fuhrken e Eliezer Batista, ministro de Minas e Energia do governo João Goulart (1961-1964), presidente da Vale durante o governo militar e secretário de Assuntos Estratégicos do governo Fernando Collor de Mello (1990-1992).
De volta ao Brasil, Eike montou a Autran Aureum, empresa voltada à compra e venda de ouro que, em seguida, daria origem ao Grupo EBX. Ele também foi executivo da canadense TVX Gold. A partir de 2000, entretanto, o empresário focou as atenções nos negócios na economia brasileira. Como primeiro grande passo, em dezembro de 2007, Eike criou a OGX após captar R$ 1,3 bilhão de fundos privados – a maioria estrangeiros. No mesmo ano, ele venceu seus primeiros leilões da Agência Nacional do Petróleo (ANP) para blocos exploratórios.
O clima de confiança e expectativa em torno dos negócios de Eike foi reforçado em junho de 2008, quando a OGX fez a maior oferta da história da Bolsa de Valores de São Paulo, até então. Cerca de R$ 6,7 bilhões foram captados por Eike e o papel disparou 18% no primeiro dia de negociação. Na época, o empresário fazia questão de demonstrar proximidade com o poder, sendo exaltado como "modelo" ao empresariado durante discursos da presidente da República, Dilma Rousseff.
A mesma ascensão que encantou foi responsável por provocar histeria entre publicações especializadas em economia, governos e meio empresarial. No dia seguinte ao anúncio da OGX de que produziria apenas 5 mil barris/dia e não os 15 mil barris/dia previstos anteriormente nos poços da Bacia de Campos, as ações da petroleira abriram com queda de 30%.
A desconfiança do mercado provocada pelo anúncio da OGX acabou arrastando outras empresas de Eike – MMX (mineração), MPX (energia), LLX (logística), OSX (indústria naval e offshore) e REX (setor imobiliário), por exemplo – à crise financeira. A instabilidade culminou, em outubro de 2013, com o calote de US$ 45 milhões em juros de papéis emitidos no Exterior, o fracasso na renegociação de dívidas com credores e o pedido de recuperação judicial da OGX, considerada a joia da coroa do empresário.
Em meio à subida e à queda no meio empresarial, a vida privada de Eike também gerou polêmica. Em 1991, ele se casou com Luma de Oliveira, protagonista de polêmica ao desfilar no Carnaval com uma coleira tendo o nome do marido bordado. Casado por 13 anos, Eike teve dois filhos com a ex-modelo: Thor e Olin. O primeiro foi condenado por homicídio culposo e a indenizar a família de Wanderson Pereira dos Santos, após atropelar e matar a vítima, que andava de bicicleta. Já o irmão mais novo, Olin, tornou-se notícia em 2013, ao "pendurar" uma conta de R$ 16 mil pelo consumo em uma balada.