O presidente Michel Temer fez, nesta quarta-feira, duras críticas à forma como, historicamente, as oposições atuam no Brasil, no sentido de sempre buscarem a "destruição" dos governos. Dirigindo-se à base governista, ele destacou essa característica visando preparar os parlamentares para o embate que deverá ocorrer no Congresso Nacional, nos próximos dias, durante a tramitação da proposta que define um teto para os gastos públicos.
– É claro que haverá oposição (à proposta), porque no Brasil a tese de oposição não é jurídica. É uma tese política. A tese é a seguinte: se eu não estou no governo eu tenho de destruir o governo. Isso é uma coisa nossa. É uma coisa cultural, histórica, e que vem ao longo do tempo – disse Temer durante a cerimônia de posse do deputado federal Marx Beltrão (PMDB-Alagoas) no cargo de ministro do Turismo.
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– Então eu digo a vocês: não se incomodem com os gestos da oposição. A oposição no Brasil tem uma concepção política. Digo isso como fruto de uma cultura muito equivocada ao longo do tempo. Não é de hoje – acrescentou.
Mudança de costumes nacionais
Segundo Temer, o momento atual é o de "pregar as novas ideias" para, pouco a pouco, se modificar esses "costumes nacionais".
– Você tem de fazer uma distinção entre o momento político-eleitoral, que é o momento em que as pessoas disputam votos para chegar ao poder, e o momento político-administrativo, que é o segundo momento, um momento pós-eleitoral em que todos os brasileiros devem se unir em benefício do país.
Apesar da crítica a essa forma de atuação das oposições, Temer ressaltou também o papel relevante que elas têm para a democracia, no sentido de fiscalizar o governo e de sugerir propostas para as políticas públicas.
Ele negou que eventuais mudanças que possam ocorrer na proposta de limitação de gastos público representem uma derrota do governo.
– Não é nada disso. Quem governa é Executivo e Legislativo juntos – disse.
– Não se pode gastar mais do que aquilo que se arrecada, motivo pelo qual lançamos a proposta segundo a qual cada orçamento só pode fazer previsão com base na inflação do ano anterior. Não dá para ficar dizendo a todo ano que o Brasil tem déficit. Se o teto tivesse sido promovido há cinco ou seis anos, o país teria déficit zero. Portanto, peço aos deputados que empenhem para estar aqui na segunda-feira, porque é fundamental votarmos isso – finalizou.
*Agência Brasil