O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disparou mais críticas contra o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes. Incomodado com a Operação Métis, da Polícia Federal (PF), Renan disse, nesta terça-feira, que ficaria incomodado de se encontrar com o ministro.
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– Eu terei muita dificuldade de participar de qualquer encontro com a presença do ministro da Justiça, ele promoveu um espetáculo contra o Legislativo – afirmou a jornalistas no Congresso.
Renan havia sido questionado sobre uma provável reunião nesta semana entre chefes de poderes para tratar de um plano conjunto de Segurança. Na segunda-feira, o presidente do Senado já havia dito que o ministro estava "falando mais do que devia, dando bom dia a cavalo", e ainda opinou que Moraes não "tem postura de ministro de Estado".
A polêmica começou na última sexta-feira, quando a PF prendeu quatro policiais legislativos e apreendeu equipamentos do Senado que teriam sido utilizados para contra espionagem. A investigação apura varreduras eletrônicas ilegais em residências de senadores investigados na Lava-Jato. O presidente do Senado defende que a operação deveria passar pelo crivo do STF, e não de um juiz de primeira instância.
Além de criticar o ministro da Justiça pelo apoio à operação, Renan chamou o magistrado Vallisney de Oliveira, que autorizou os mandados, de "juizeco". Nesta terça, ele reiterou a posição:
"Enquanto este e qualquer juiz continuar a usurpar a competência do STF contra o legislativo, eu, sinceramente, não posso chamá-lo no aumentativo", finalizou.
Também nesta terça-feira, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha afirmou que pessoalmente concorda com "a posição firme" de Renan Calheiros.
– Eu pessoalmente penso que o diálogo tem que ser estabelecido com a Suprema Corte, ele tem razão. É uma posição pessoal, não é posição do governo – afirmou o ministro.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) também demonstrou concordar com Calheiros. Maia disse que o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes (PSDB), errou ao comentar a atuação da Polícia Legislativa do Senado.
– O ministro da Justiça é um dos melhores quadros que o governo tem. ê um quadro de muita qualidade. Mas, na sexta-feira, ele discutiu o mérito. A Polícia Federal agiu, certo ou errado, por decisão judicial. Mas, a partir daí, a palavra do ministro de discutir o mérito, se a polícia legislativa foi além as suas atribuições, acho que isso não caberia a ele. Essa é uma avaliação que o ministro não deveria ter feito – destacou.
Em razão das recentes trocas de farpas, o presidente Michel Temer convocou uma reunião com os chefes de poderes na quarta-feira. Devem participar o presidente do Senado, Renan Calheiros, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e a presidente do STF, Cármem Lúcia.
Um novo encontro para falar de Segurança deve ocorrer na sexta-feira.
*Rádio Gaúcha