A força-tarefa da Operação Lava-Jato identificou um empréstimo de R$ 250 mil da Igreja Evangélica Cristo para a mulher do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso por envolvimento no esquema de corrupção instalado na Petrobras. No pedido de prisão do peemedebista, a Procuradoria da República, no Paraná, destaca um "empréstimo simulado com estratagema para lavagem de dinheiro".
A Igreja Evangélica Cristo pertence ao radialista Oliveira Francisco da Silva, ex-deputado federal e aliado de Cunha.
"A partir da DIRF (Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte) de Cláudia Cruz, identificou-se a declaração de um empréstimo supostamente contraído junto a Francisco Oliveira da Silva, presidente da Igreja Evangélica Cristo de R$ 250 mil no ano de 2008. Contudo, realizada a quebra de sigilo bancário de Cláudia Cruz e de Francisco Oliveira da Silva, não foram identificados relacionamentos financeiros entre as partes", observam os procuradores.
Leia também:
Ao tentar bloquear R$ 221 mi de Cunha, Justiça encontra contas no Brasil zeradas
Após prisão de Cunha, Temer ordena "lei do silêncio" no Planalto
Cunha protesta contra prisão após fazer exame no IML de Curitiba
"Ao que tudo indica, Francisco Oliveira da Silva jamais emprestou dinheiro a Cláudia Cruz, sendo lógico que a simulação do contrato de mútuo serviu apenas como uma fraude para dar lastro para o ingresso de recursos espúrios provenientes dos crimes praticados por Eduardo Cunha no patrimônio da investigada", aponta a Lava-Jato.
Em depoimento à Lava-Jato, em abril deste ano, Cláudia Cruz declarou que conhece Francisco Oliveira da Silva, presidente da Igreja Evangélica Cristo em Casa e que "nunca teve situação de necessidade financeira". Cláudia foi questionada sobre o empréstimo e disse, na ocasião, nada saber "sobre este fato".
Eduardo Cunha foi preso na quarta-feira por ordem do juiz federal Sérgio Moro e a pedido da força-tarefa da Lava-Jato. O magistrado mandou capturar preventivamente o deputado cassado, que responde a uma ação penal na 13ª Vara Federal de Curitiba, de titularidade de Sérgio Moro, sob o argumento de "risco à ordem pública e à instrução penal".
Cláudia Cruz é ré na Lava-Jato. Ela é acusada de lavagem de dinheiro. Segundo denúncia do Ministério Público, Cláudia teria evadido cerca de US$ 1 milhão por meio de contas secretas no exterior abastecidas por seu marido com dinheiro da corrupção na Petrobras.
Contatado, o presidente da Evangélica Cristo não foi localizado.