Após mais de oito horas de debates na comissão especial, 23 de 30 deputados votaram nesta quinta pela aprovação da Proposta de Emenda à Constituição 241, a PEC do teto, que limita os gastos do governo à inflação oficial dos 12 meses anteriores. Com a aprovação na comissão, a PEC, que precisava de maioria para ser aprovada, será enviada para o plenário da Câmara dos Deputados, onde deve ser votada na segunda-feira.
Leia mais
Famosa pela "dança da pizza", petista não se reelege em São José dos Campos
Comissão inicia reunião para votar texto da PEC do Teto na Câmara
Câmara derruba obrigatoriedade da Petrobras na exploração do pré-sal
A comissão rejeitou oito destaques que foram apresentados pela oposição e que, se fossem aprovados, poderiam derrubar alterações feitas pelo relator Darcísio Perondi (PMDB-RS) nesta semana. Sete dos deputados presentes na sala, pertencentes ao PT, PC do B, Rede e PSB, votaram contra a proposta, apoiados por manifestantes que gritavam palavras de ordem contra a proposta, apelidada de "PEC da Morte". Mais cedo, um homem chegou a ser expulso da comissão após protestar contra discurso do deputado Carlos Marun (PMDB-MS).
A expectativa é de que a PEC seja votada em primeiro turno na Câmara na próxima semana. A proposta tem duração de 20 anos, com possibilidade de mudança na forma de limitar os gastos a partir do décimo ano. O texto final, protocolado por Perondi nesta semana, prevê maior folga em saúde e educação. Nessas duas áreas, a correção do piso dos gastos só valerá a partir de 2018, ou seja, o ano base levado em conta para cálculo do quanto poderá ser gasto a mais será 2017, quando se espera que a receita seja mais alta do que em 2016.
Além disso, o relatório estabelece ainda que a base de cálculo do piso da saúde em 2017 será de 15% da receita líquida, e não de 13,7%, como previa o texto original. A mudança permitirá um piso de cerca de R$ 113,7 bilhões na área no ano que vem, ou seja, R$ 10 bilhões a mais do que estava previsto inicialmente. A alteração não comoveu os deputados da oposição.
– A população quer que se corte a farra dos ricos com o dinheiro público, e não o dinheiro para a população – disse Alessandro Molon (Rede).
– Não é uma PEC para limitar os gastos públicos, é para limitar os gastos com saúde e educação. É para aumentar o lucro dos empresários – discursou Patrus Ananias (PT).
O relator Perondi criticou as colocações.
– Parece que o dinheiro cai do céu e que todo mundo pode gastar o que quiser – declarou.
– Essa PEC não significa cortar o pão, significa cortar o supérfluo – defendeu José Carlos Aleluia (DEM).
Ao mesmo tempo em que permitiu gastos maiores nessas áreas mais sensíveis, o governo apertou as sanções que serão enfrentadas pelo Poder Executivo em caso de descumprimento da proposta, o que envolve inclusive a proibição de aumento real, acima da inflação, para o salário mínimo. Entretanto, essa punição em caso de as novas regras não serem cumpridas não deve ter impacto sobre o reajuste do mínimo nem em 2017 nem em 2018. Isso porque o cálculo do aumento do salário mínimo leva em conta o Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos atrás e a inflação do ano anterior. Como o PIB de 2015 e o esperado para 2016 são negativos, não é esperado reajuste acima da inflação nos próximos dois anos.