O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), marcou para as 19h da próxima segunda-feira a sessão extraordinária de votação do pedido de cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Na sessão, o primeiro a falar será o relator do processo no Conselho de Ética, deputado Marcos Rogério (DEM-RO). Ele terá até 25 minutos de fala. Em seguida, o advogado da defesa e Cunha também terão o mesmo tempo para se pronunciar no plenário.
O deputado afastado, porém, ainda não informou se vai comparecer à sessão. A Câmara tenta, desde a última sexta-feira, notificar o peemedebista, mas ainda não conseguiu. Caso não consiga em três tentativas, a notificação será publicada no Diário Oficial da Câmara. Após a fala do relator e da defesa, os deputados começarão a votar eletronicamente e de forma aberta. Não está previsto encaminhamento de voto. Durante toda a sessão, porém, parlamentares podem levantar questões de ordem sobre o rito da votação.
Leia mais
Janot diz ao STF não ver irregularidade de Cunha no processo do impeachment
Ministro do STF nega suspensão de processo de cassação de Cunha
Cunha só não ficará inelegível caso escape da cassação, dizem técnicos
Como mostrou o Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, nessa segunda-feira 5, aliados de Cunha planejam apresentar uma série de questionamentos no plenário da Câmara para tentar adiar a votação do pedido de cassação do peemedebista. O adiamento deve beneficiar o deputado afastado. Isso porque pode levar à votação para depois das eleições, quando é mais fácil deputados votarem abertamente a favor do peemedebista, sem temer prejuízos eleitorais.
A nova estratégia articulada é apresentar, antes do início da votação, questão de ordem pedindo que o plenário da Câmara vote um projeto de Resolução, e não o parecer pela cassação aprovado pelo Conselho de Ética, como historicamente é feito em casos de cassação. Diferente do parecer, a resolução admite emendas. Com isso, aliados poderiam apresentar uma emenda propondo uma pena mais branda do que a perda de mandato.
De acordo com o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), membro da chamada "tropa de choque" de Cunha na Câmara, a questão de ordem se baseará no artigo 109 do Regimento Interno da Casa, que prevê que, em casos de cassação, seja votada em plenário uma resolução. A resolução seria baseada na decisão do Conselho de Ética e elaborada pelo próprio colegiado ou pela presidência da Câmara.
A decisão sobre o que deve ser posto em votação será do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Caso ele aceite a questão de ordem, o deputado João Carlos Bacelar (PTN-BA), outro aliado de Cunha, apresentará uma emenda propondo como pena apenas a suspensão do mandato. A emenda, porém, terá de ser analisada pelo Conselho de Ética, o que pode provocar o adiamento da votação.
Até o momento, porém, Maia tem afirmado publicamente que colocará em votação o parecer. Caso ele negue a questão de ordem, aliados de Cunha vão apresentar no plenário um recurso à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), com pedido de efeito suspensivo. O pedido de suspensão, porém, precisa ser analisado pelos deputados em plenário. Se aceito, é encaminhado para CCJ, que terá um tempo para responder à questão.
A Secretaria Geral Mesa Diretora da Câmara rebate a interpretação dos aliados de Cunha. Técnicos afirmam que, historicamente, o que vai à votação é o parecer do Conselho de Ética. Segundo eles, o projeto de Resolução previsto pelo artigo 109 é apenas a minuta que consolida o resultado da votação do parecer.
– Essa resolução não é numerada, não é votada – explica um técnico da Casa.
*Estadão Conteúdo