A polícia de São Paulo pediu a prisão preventiva da jornalista Patrícia Lélis, 22 anos, que acusa o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) de estupro e afirma ter sido sequestrada pelo assessor dele, Talma Bauer. Por essa segunda acusação, Patrícia foi indiciada por denúncia caluniosa e extorsão. As informações são do jornal O Globo.
O delegado que cuida do caso, Luís Roberto Hellmeister, indicou, há duas semanas, que faria o pedido de prisão, dada a "periculosidade" de Patrícia. Na época, Hellmeister disse que ainda faltava juntar alguns laudos de vídeos e conversas.
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Ainda segundo O Globo, o advogado da jornalista, Roberto da Gama Cidade, afirmou que o pedido de prisão não causou "nenhuma surpresa" e que enviou ao Ministério Público paulista uma petição para que as investigações sejam invalidadas. Para ele, o delegado já havia externado que essa era sua vontade. Cidade disse acreditar que o processo deveria ter sido enviado a Brasília, uma vez que envolve um parlamentar.
Entenda o caso
- Em boletim de ocorrência, a estudante de jornalismo Patrícia Lelias, 22 anos, acusa o deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) de assédio sexual, tentativa de estupro e agressão, que ocorreram, segundo ela, no dia 15 de junho, no apartamento funcional do parlamentar na capital federal.
- Segundo Patrícia, o deputado a havia convidado para uma reunião. Quando chegou lá, Feliciano estava sozinho e teria dito que desejava conversar com ela a sós. Patrícia afirma que o parlamentar propôs que ela fosse sua amante em troca de um salário de R$ 15 mil para ocupar uma posição dentro do partido.
- Diante das supostas agressões, Patrícia disse que começou a gritar e, segundo ela, uma vizinha do deputado tocou a campainha do apartamento para saber o que estava acontecendo. Nesse momento, a jovem diz ter conseguido escapar do local.
- Em entrevista coletiva, a estudante afirmou que o presidente nacional do PSC, Pastor Everaldo (RJ), e Talma Bauer, assessor de Feliciano, lhe ofereceram dinheiro quando ela procurou ajuda do PSC a respeito das acusações que pretendia fazer contra Feliciano.
- A jornalista é filiada ao PSC desde março e conhecida no YouTube por ser conservadora, religiosa e antifeminista.
As investigações
- A jornalista registrou boletim de ocorrência na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, na Asa Sul de Brasília, em que acusa o deputado de assédio, tentativa de estupro e agressão.
- O caso também é investigado em São Paulo pelo delegado Luiz Roberto Hellmeister, com foco na apuração de suposto sequestro e cárcere privado de Patrícia Lélis. Segundo o portal G1, no entanto, Hellmeister descartou esta hipótese, já que, para ele, as imagens desconfiguram a situação de sequestro descrita por Patrícia, pois ela recebeu o namorado no hotel e aparentemente trata Bauer como amigo nas gravações.
- As polícias civis de SP e do DF passam a investigar o caso em relação à coação (para que ela gravasse vídeos a favor de Feliciano). Também será apurado se Patrícia cometeu o crime de calúnia pela denúncia de cárcere privado contra Bauer.
- A Procuradoria-Geral da República pedirá à Polícia Legislativa as imagens de vídeos das câmeras instaladas no prédio, corredores e elevadores onde mora o parlamentar.
- A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), procuradora especial da Mulher no Senado, protocolou junto ao Ministério Público do Distrito Federal um ofício no qual solicita que Feliciano seja investigado pela suposta tentativa de estupro.
- Na quarta-feira, um grupo de deputadas entregou ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), representação solicitando que o Conselho de Ética da Casa investigue o deputado por suposta quebra de decoro parlamentar. O documento foi assinado por 22 deputadas. Como apenas partidos políticos e o corregedor-geral da Câmara podem acionar o Conselho de Ética para investigar deputados, o caso terá de passar por análise da Corregedoria da Casa antes de, eventualmente, ser submetido ao conselho. Se for constatada quebra de decoro, o deputado pode vir a responder a um processo disciplinar que pode culminar em sua cassação.
- Além disso, a cúpula do PSC determinou a criação de uma comissão interna para apurar a suposta acusação de assédio sexual e agressão.