Em sua última aparição pública antes do depoimento ao Senado, segunda-feira, a presidente afastada Dilma Rousseff atribuiu o processo de impeachment a interesses supostamente contrariados nas quatro vitórias consecutivas do PT nas últimas eleições presidenciais.
– O povo votou contra as políticas tradicionais que, primeiro sorrateiramente, e agora de forma escancarada, tomaram conta do do debate político. É um processo que tem respaldo da elite conservadora desse país – afirmou.
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Falando a cerca de 500 militantes que lotaram o Teatro dos Bancários, na noite desta quarta-feira, em Brasília, a petista foi recebida com gritos de "Dilma, querida, você fica" e rosas brancas e vermelhas.
Do lado de fora do teatro, quem não conseguiu entrar assistia ao ato em um telão instalado pelo PT.Dilma atacou propostas do governo interino de Michel Temer, como o teto de gastos no setor público e as concessões do pré-sal.
Chamando os entusiastas do impeachment de "parasitas", ela também disse que a democracia brasileira está em risco, ao comparar o momento atual à períodos turbulentos da história nacional, como a renúncia de Jânio Quadros, o suicídio de Getúlio Vargas e o golpe militar de 1964.
– Eu não tenho de renunciar, não tenho de me suicidar e não tenho que fugir para o Uruguai. Estão me condenando por algo fantástico, por um não-crime. Eu não cometi crime – reagiu a presidente afastada.
Atrás de Dilma, o palco estava tomado por políticos petistas, representantes de movimentos sociais e ex-ministros de seu governo – a quem a mandatária qualificava de "legítimos". Contudo, não havia nenhum senador do partido presente, tampouco o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva compareceu.
*Zero Hora