Os deputados federais escolherão, na próxima terça-feira, o colega que substituirá Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que anunciou a renúncia no início da tarde desta quinta. Ele foi afastado do cargo em maio após decisão do Supremo Tribunal Federal e tenta, a partir de agora, salvar o mandato parlamentar entre as comissões da Casa.
O novo presidente eleito fará um mandato-tampão, até fevereiro de 2017, quando os parlamentares decidirão a Mesa Diretora para o novo biênio. Qualquer deputado federal pode se candidatar, independente do partido político. Para vencer, o candidato deve ter maioria absoluta dos votos na Câmara – a metade mais um dos 513 parlamentares. Caso o candidato à presidência não consiga a maioria absoluta dos votos no primeiro turno, um segundo turno será convocado. Neste caso, bastará maioria simples dos votos para eleger o novo presidente da Câmara. O quórum mínimo para início da sessão é de 257 deputados.
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Veja quem são os candidatos mais cotados para a vaga deixada por Eduardo Cunha:
Beto Mansur (PRB-SP)
Está no quinto mandato na Câmara, onde ocupa o cargo de primeiro-secretário na Mesa Diretora. Emocionou-se nesta quinta-feira ao ler a carta de renúncia de Eduardo Cunha, no plenário. Disse que o peemedebista "foi um bom presidente, independentemente de problemas pessoais". Mesmo assim, defendia a renúncia devido à instabilidade promovida na Câmara. Em março, apareceu nas planilhas de doação da Odebrecht como destinatário de R$ 450 mil. Em 2012, fiscais do Ministério do Trabalho encontraram 22 pessoas em condições análogas à escravidão trabalhando em uma propriedade do parlamentar, no interior de Goiás.
Espiridião Amin (PP-SC)
Foi governador de Santa Catarina e prefeito de Florianópolis. Atua em seu segundo mandato seguido na Câmara . Amin compõe o chamado centrão, bloco parlamentar informal formado por 13 legendas a favor do impeachment de Dilma Rousseff. Tem boa relação com o governo interino de Michel Temer, assim como com deputados da oposição devido a sua experiência política. Um empecilho para assumir a presidência da Câmara seria Waldir Maranhão, atual primeiro-vice-presidente da Casa e também filiado ao PP. Se não houver acordo, devido à proporcionalidade das legendas, Maranhão deveria ser retirado da Mesa Diretora para que Amin a ocupasse como presidente.
Fernando Giacobo (PR-PR)
Está no quarto mandato seguido e é o segundo-vice-presidente da Câmara. Ficou conhecido por vencer 12 vezes a loteria federal e receber R$ 134 mil como prêmio em 1997. Segundo Giacobo, foi Deus quem olhou para ele e o ajudou. O deputado não é investigado na Lava-Jato, mas já foi réu no Supremo Tribunal Federal (STF) em três processos, todos prescritos. Em um deles, Giacobo foi acusado de sequestro e cárcere privado de um gerente de uma propriedade rural vendida ao parlamentar em Mato Grosso. O cárcere teria ocorrido no ano 2000.
Heráclito Fortes (PSB-PI)
Está na Congresso desde 1979, com intervalos, e foi senador entre 2003 e 2011. Foi citado na delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que afirmou ter pago propina de R$ 500 mil ao parlamentar. Em 2012, a 2ª turma do Supremo Tribunal Federal decidiu arquivar recurso de Heráclito contra decisão do Tribunal de Justiça do Piauí que o condenou a ressarcir os cofres do município de Teresina por gastos com publicidade oficial, quando foi prefeito entre 1989 a 1992.
Júlio Delgado (PSB-MG)
Exerce o quinto mandato consecutivo na Câmara. No último mês, o ministro do STF Teori Zavascki determinou o arquivamento do inquérito que o investigava. Havia suspeitas sobre a relação que Delgado mantinha com Ricardo Pessoa, da UTC, investigado na Operação Lava-Jato. Durante a discussão do caso de Eduardo Cunha na Comissão de Ética, articulou com colegas o voto favorável à cassação do então presidente da Câmara.
Rodrigo Maia (DEM-RJ)
É um forte opositor do governo petista. Está na Câmara desde 1999, quando assumiu como deputado pela primeira vez. Em junho, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo para investigar Rodrigo Maia por suspeitar de relações promíscuas com empreiteiras envolvidas na Lava-Jato. O nome do deputado apareceu em mensagens trocadas por celular entre Marcelo Odebrecht e Leo Pinheiro, da OAS. Chegou a ser cotado para liderar o governo de Michel Temer na Câmara, mas o centrão pressionou e indicou André Moura (PSC-SE) para a função.
Rogério Rosso (PSD-DF)
Ganhou notoriedade durante a tramitação do processo de impeachment de Dilma Rousseff na Câmara, quando foi presidente da comissão especial. É ligado ao grupo de Cunha e participante do centrão. Foi eleito indiretamente governador do Distrito Federal em 2010, ainda no PMDB, depois que José Roberto Arruda foi preso pela Polícia Federal. Uma testemunha do caso do mensalão do DEM afirmou, na semana passada, que Rosso recebeu propina das mãos do delator da Operação Caixa de Pandora. O deputado atribuiu, na ocasião, a citação de seu nome à disputa pela presidência da Câmara.