Monitoramento telefônico da Operação Pripyat flagrou Ludmila Gabriel Pereira, alvo da investigação sobre corrupção nas obras da Usina de Angra 3, tentando destruir provas, rasgando e queimando papéis.
Ludmila Pereira é uma das sócias da Flexsystem Engenharia S.A, que teria intermediado propina de empreiteiras para ex-dirigentes da Eletronuclear. Ela foi presa temporariamente sob determinação do juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio. A Polícia Federal afirma que ela "promoveu incansavelmente" destruição de documentos.
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Em um dos diálogos capturados pela Polícia Federal, Ludmila Pereira conversa com sua mãe, Marlei Pereira. Em determinado momento, ela diz à mãe que logo vai para casa e que só precisa "terminar de fazer uma fogueira" de papeis que estava rasgando.
Ludmila Pereira e Tatiana Gabriel Pereira são sócias remanescentes das empresas Flexsystem Sistemas Gerenciais Flexíveis e Flexsystem Engenharia S.A, após o falecimento do pai Ney Gebran Pereira, que era quem tomava conta dos negócios. Para os investigadores, Ludmila Pereira tinha conhecimento a respeito dos negócios de Ney Gebran, pois, além de sócia das empresas Flexsystem, elaborava as declarações fiscais do pai.
A Receita Federal aponta que a Flexsystem Engenharia S.A "recebeu pagamentos significativos de empreiteiras e manteve vultosa movimentação financeira". O ex-diretor técnico Luiz Soares e o ex-superintendente de Construção José Eduardo Costa Mattos, ambos da Eletronuclear, teriam indicado, de acordo com a Procuradoria da República, a empresa Flexsystem "para ocultar o repasse da vantagem ilícita".
A Operação Pripyat revelou que o ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva – preso na quarta-feira, no Rio – recebeu R$ 12 milhões em propinas das obras de Angra 3. O valor corresponde a 1% do montante da construção, orçada em R$ 1,2 bilhão.
Outra parte da propina, segundo a Procuradoria, foi dividida entre cinco ex-dirigentes do alto escalão da estatal.
*Estadão Conteúdo