O doleiro Lúcio Bolonha Funaro, preso nesta sexta-feira na Operação Sépsis, desdobramento da Lava-Jato, está disposto a fazer uma delação premiada. Conforme o jornal O Estado de S. Paulo, no início da semana, ele havia comunicado ao seu advogado que iria procurar o criminalista Antonio Figueiredo Basto, especialista em acordos de colaboração.
Funaro seria parceiro do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), há anos. Detido preventivamente nesta sexta-feira, ele ficará sob custódia da Polícia Federal (PF) em Brasília. O doleiro é suspeito de receber subornos de grandes empresas em parceria com o parlamentar.
Ele foi um dos delatores do processo do Mensalão, obtendo perdão da pena após prestar informações e fornecer documentos que auxiliaram as investigações.
Leia mais:
Lava-Jato mira grupo dono da JBS e prende doleiro ligado a Eduardo Cunha
"Se cometeu irregularidades, que responda por elas", diz Cunha
Ex-vice da Caixa afirma que Cunha recebeu propina por liberação de verbas
A Operação Sépsis, deflagrada nesta sexta-feira com o cumprimento de 19 mandados de busca e apreensão e um de prisão preventiva, tem origem em duas delações premiadas: a do ex-vice-presidente da Caixa Fábio Cleto e a do ex-diretor de Relações Institucionais do Grupo Hypermarcas, Nelson Mello. Segundo Cleto, Eduardo Cunha teria embolsado 1% de um negócio de R$ 940 milhões aprovado pelo FI-FGTS com a empresa Eldorado Brasil. O deputado rebateu a acusação e desafiou a "qualquer um provar a veracidade dessas delações".
Nelson Mello afirmou em seu depoimento aos procuradores que pagou R$ 30 milhões a dois lobistas com trânsito no Congresso para efetuar os repasses. Lúcio Bolonha Funaro e Milton Lyra – outro alvo da operação desta sexta-feira – seriam os responsáveis por distribuir o dinheiro para os senadores.
O nome Sépsis faz referência ao quadro de infecção generalizada, quando um agente infeccioso afeta mais de um órgão. Os 20 mandados foram expedidos pelo ministro Teori Zavaski, do Supremo Tribunal Federal (STF). Eles foram cumpridos no Estado de São Paulo (10 na capital, um em Sorocaba e um em Lins), em Recife (três), Rio de Janeiro (dois) e Brasília (dois). O mandado de prisão preventiva foi cumprido na capital paulista.