O ministro das Relações Exteriores, José Serra, reiterou nesta segunda-feira que o governo petista partidarizou a política externa nacional.
– O Itamaraty não pode representar uma ideologia no Exterior – disse.
Serra também rebateu as acusações do ex-assessor especial para assuntos internacionais nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, Marco Aurélio Garcia, de que estaria "dando uma guinada à direita" para a pasta.
– É piada, né? – respondeu aos jornalistas presentes no programa Roda Viva, da TV Cultura.
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Ele comentou que o Brasil precisa tomar atitudes com os países de forma cuidadosa, com respeito e cooperação.
– O Brasil precisa saber o que quer negociar. E não tem concessão unilateral. Chega. É troca. Temos que respeitar o princípio da reciprocidade – destacou.
Sobre os países bolivarianos, Serra disse que não ficará "dando força, mas também não vai ficar fazendo ameaça". A respeito da Venezuela, que na sua opinião não é uma democracia, o ministro disse que o Brasil pressionará para que presos políticos sejam soltos e forçará um processo de negociação nesse sentido.
O chanceler reiterou que há a necessidade de "turbinar o ânimo na política externa" e que já está apresentando medidas em relação a isso, como trabalhar na flexibilização do Mercosul e buscar acordos bilaterais.
Questionado sobre as medidas não serem de curto prazo, Serra rebateu:
– Aí é comércio internacional, não tem milagre.
O ministro ressaltou que o Itamaraty pode ajudar o governo a alavancar as exportações e apoiar na atração de investimentos em áreas como infraestrutura. Sobre lutar por um assento no Conselho de Segurança da ONU, Serra disse que "não vê moleza em mexer nesse assunto", que seria brigar com "peixe grande". Com relação ao Brasil tentar entrar na Parceria Transpacífico (TPP), o ministro falou que é uma hipótese, mas bem remota.
– É infernal essa história de propriedade intelectual. É pretexto para proteger outros setores. O que é? É patente – comentou o chanceler, que, quando foi ministro da Saúde, quebrou a patente dos medicamentos contra a Aids.
Serra também comentou sobre os Estados Unidos e declarou que não conta com a vitória de Donald Trump, candidato do Partido Republicano à Casa Branca, como novo presidente do país.
– Com os Estados Unidos, vamos aprofundar a relação econômica – garantiu.
Cultura
Perguntado se foi um erro do presidente interino Michel Temer ter extinguido o Ministério da Cultura e voltado atrás na decisão, Serra justificou o movimento devido à pressão para a redução de pastas.
– Cultura é prioridade zero, vem até antes da primeira. É uma atividade barata e que tem que ser fortalecida – avaliou.
Ele afirmou que o governo federal poderia seguir exemplos de projetos paulistas como o Museu do Futebol e o de Ciência e Tecnologia para crianças.
