O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deu a entender que não rejeitará de pronto um pedido de impeachment contra o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que foi protocolado segunda-feira no Senado.
– Nos últimos meses, já arquivei cinco pedidos de impedimentos do procurador-geral da República, eu entendi que as petições eram ineptas. Essa, eu vou avaliar – disse.
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O pedido foi feito por duas advogadas ligadas ao movimento pró-afastamento de Dilma Rousseff. Elas argumentam que Janot deu tratamento diferenciado a políticos do PT e do PMDB que estariam envolvidos em "situações análogas" na Lava-Jato. Em geral, Renan rejeita de imediato pedidos de impeachment contra ministros do Supremo e contra o procurador-geral, que devem ser protocolados obrigatoriamente no Senado e, cuja aceitação é avaliada monocraticamente pelo presidente da Casa. Recentemente, Renan foi flagrado em um diálogo em que chamava Janot de "mau caráter".
Em abril, Renan fez forte discurso no plenário do Senado após recusar um pedido de impeachment do ministro do Supremo Marco Aurélio Mello, feito por integrantes Movimento Brasil Livre (MBL), que também defende o afastamento de Dilma Rousseff.
– Não podemos ser levianos com a democracia, nem subestimar a importância da separação dos poderes da República. É hora de o Legislativo ser Legislativo, de o Judiciário atuar como Judiciário e de o Executivo se portar como Executivo – disse à época.
Inquérito
Ao ser questionado sobre o pedido de impeachment de Janot, Renan se confundiu e entendeu que a pergunta era sobre o novo inquérito que o Supremo abriu nessa terça contra ele e outros membros da cúpula do PMDB. O presidente do Senado acabou dando uma declaração inesperada.
– Lamento essa obsessão comigo – disse, desconsertado.
Mais cedo, Renan evitou comentar sobre a abertura de novo inquérito. As declarações foram feitas antes de o ministro do STF Teori Zawascki rejeitar seu pedido de prisão feito pela PGR.