Antes que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) renuncie ou seja cassado, a disputa por sua sucessão já provoca articulações na Câmara. Rivais históricos, PT e PSDB conversam para impedir que o centrão, coalizão de partidos próximos ao peemedebista, abocanhe a presidência da Casa. As negociações são monitoradas pelo Planalto, preocupado com um racha na base de Michel Temer.
As costuras visam a um mandato-tampão até fevereiro, caso Cunha perca o posto. Com mais de 210 deputados de legendas como PP, PSD, PR, PTB e PRB, o centrão trabalha para vencer. Beto Mansur (PRB-SP), Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e Fernando Giacobo (PR-PR) recebem elogios. Já a antiga oposição, formada por PSDB, DEM e PPS, estuda lançar candidato – Rodrigo Maia (DEM-RJ) ou Antonio Imbassahy (PSDB-BA) – ou firmar aliança com rivais do centrão.
– Vamos falar com a base do governo para encontrar um candidato com postura, que consiga levar as votações até o final do ano de forma civilizada – diz Nelson Marchezan Junior (PSDB-RS).
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Em reservado, tucanos e petistas admitem que estudam apoiar o mesmo candidato, indicado por outra legenda, nome que poderia vir de uma dissidência do centrão. Um dos especulados é Esperidião Amin (PP-SC), que desconversa:
– Fico honrado, mas não posso pedir voto para vaga não aberta.
Possível acordo por comando em 2017
Alternativa avaliada pelo PT, consciente da votação pífia que um candidato seu teria, é lançar deputado que votou contra o impeachment de Dilma Rousseff, como defendem os gaúchos Henrique Fontana e Pepe Vargas. Já o PMDB, maior bancada da Câmara, discute entrar na disputa do mandato-tampão, com preferência para Osmar Serraglio (PR). Partido de Cunha, a legenda pondera que a presidência no atual biênio é sua. Por isso, negocia apoio imediato em troca de endosso ao escolhido por aliados para concorrer à presidência da Casa na gestão 2017-2018.
– As duas votações estarão casadas – analisa Mauro Mariani (PMDB-SC).
A eleição do ano que vem está no radar de dois aliados de Cunha: Rogério Rosso (PSD-DF) e Jovair Arantes (PTB-GO), que disputam a bênção do centrão. Julio Delgado (PSB-MG), opositor do presidente afastado, também avalia se lançar.