Um dos responsáveis pelo sistema de informática do "departamento da propina" da Odebrecht, Camilo Gornati, afirmou, nesta quarta-feira, ao juiz federal Sergio Moro, que a empreiteira mantinha seu servidor na Suíça "por questão de segurança". As informações são do blog do jornalista Fausto Macedo, do Estado de S.Paulo.
– O que me falaram é que era mais seguro deixar na Suíça – afirmou Gornati, ouvido na ação penal contra o marqueteiro do PT João Santana, o presidente afastado da Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, e outros executivos do grupo.
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Gornati foi alvo da 26ª fase da Operação Lava-Jato, batizada de Xepa, e apontado como um dos responsáveis pela operação e manutenção do sistema Drousys, que era usado pelos executivos da Odebrecht para controlar os repasses feitos para políticos e agentes públicos, por meio de operadores e contas em nome de offshores.
Gornati trabalha na empresa JR Graco Assessoria e Consultoria Financeira Ltda. O nome dele constava na agenda da secretária do "departamento da propina" – chamado oficialmente de Departamentos de Operações Estruturadas – da Odebrecht, Maria Lucia Tavares, que confessou, em delação premiada, a existência do setor no grupo.
A JR Graco pertence a Olivio Rodrigues Júnior, que foi responsável pela abertura de contas da Odebrecht em Antígua, por onde chegou a circular mais de US$ 2,6 bilhões da empreiteira. A força-tarefa da Lava Jato apura se parte desses valores ou se totalidade deles são referentes a propinas e caixa-2.
Gornati afirmou que o servidor utilizado pela Odebrecht ainda está na Suíça, bloqueado pelo Ministério Público daquele país.