O prefeito da Capital, José Fortunati, rechaçou nesta segunda-feira a possibilidade de oferecer uma nova proposta de reajuste salarial a municipários que estão em greve desde o último dia 14. Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, Fortunati disse que a prefeitura discutiu as reivindicações do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) desde o início deste ano e avançou no que "era possível". No entanto, conforme o prefeito, as tratativas esbarraram nas condições financeiras do município, prejudicas pela crise econômica que também afeta o país e o Estado.
– As negociações estão encerradas. Não há possibilidade de reabri-las – enfatizou.
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Entre as principais reivindicações dos servidores está o pagamento do reajuste salarial com reposição integral da inflação (9,28%) ainda neste ano. Contudo, Fortunati declarou que ele continuará sendo "responsável" para não prejudicar o seu sucessor na administração da Capital.
Ouça a entrevista à Rádio Gaúcha:
O fantasma do parcelamento de salários
Na entrevista desta segunda-feira, o prefeito também argumentou que a crise das finanças faz com que haja "um esforço monumental" para que as contas mensais sejam pagas sem atrasos. Diante das atuais condições, não descartou que, até o final do ano, os salários de servidores sejam parcelados. Entretanto, garantiu que trabalhará nos próximos meses para evitar que isso ocorra.
– Eu sei o quanto é nocivo parcelamento de salários – definiu.
A superlotação nos hospitais
Fortunati também se queixou novamente da superlotação dos hospitais da Capital. Ao falar sobre o assunto, destacou que Porto Alegre, além da demanda da população local, tem de atender a muitos pacientes do interior do Estado. Além disso, sublinhou que a diminuição das receitas públicas representa outro empecilho para que o problema seja amenizado.
– Há queda de arrecadação. E, como gestor, tenho que investir cada vez mais em áreas como a saúde – frisou.
"Não utilizo o Uber"
Durante a entrevista, Fortunati ainda foi questionado sobre a atuação do Uber em Porto Alegre. Para ele, o serviço "veio para ficar", mas ainda é "clandestino".
De acordo com o prefeito, que disse não utilizar o Uber, um projeto de lei foi enviado à Câmara dos Vereadores para a discussão das condições necessárias para que os aplicativos de mobilidade urbana operem na cidade.
– Obviamente, entendo que a empresa Uber não pode funcionar sem a devida regulamentação – argumentou.
Situação das obras de trânsito
Ao avaliar a situação das obras de mobilidade urbana, Fortunati classificou as dificuldades econômicas do país como um dos entraves para a conclusão de projetos como o da Estrada do Caminho do Meio, entre Porto Alegre, Alvorada e Viamão.
– É uma obra federal. No governo Tarso Genro, construímos uma alternativa e fomos em busca de recursos (...). Só que todos os recursos do governo federal estão sendo contingenciados – avaliou.
Aumento do número de moradores de rua
Fortunati ainda analisou a situação dos moradores de rua da Capital. Na visão dele, o aumento do número de pessoas nessa situação não é decorrente de falhas da administração municipal. Para o prefeito, há um "modelo econômico que exclui muita gente".
– A prefeitura não falhou. Não é só em Porto Alegre. Recebi um parisiense. Ele disse que Paris está lotada de moradores de ruas. Infelizmente, é um fenômeno do modelo econômico, que exclui muita gente. Com a crise, isso acabou crescendo – avaliou.
Além disso, Fortunati mencionou que muitos moradores de rua não aceitam ir para abrigos devido a diferentes situações. Para tentar melhorar esse quadro, ele destacou a construção de um canil para os animais de estimação dos desabrigados.