Desencadeada em quatro estados e no Distrito Federal, a Operação Custo Brasil apura o envolvimento direto do ex-ministro Paulo Bernardo, que foi preso nesta quinta-feira (23), no desvio de recursos de empréstimos consignados a servidores. O trabalho conjunto do Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal (PF) e Receita Federal aponta que ele recebeu R$ 5,6 milhões de 2009 a 2015.
O esquema teria começado quando o político comandava o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, no governo Lula. Depois de assumir o Ministério das Comunicações, na gestão de Dilma Rousseff, Bernardo continuou recebendo os valores.
"Não dá para dizer que o esquema foi criado pelo ex-ministro, mas seguramente contou com a participação ativa dele", explicou o delegado regional de combate ao crime organizado Rodrigo de Campos Costa, em coletiva de imprensa em São Paulo.
A investigação reuniu evidências de que aproximadamente R$ 100 milhões foram desviados. Os valores são oriundos de contratos com a empresa de tecnologia e informática Consist, que gerenciou o sistema de concessão de empréstimos consignados a servidores públicos federais.
Segundo o MPF, o dinheiro saía da Consist e ia para empresas de fachada, com a simulação de serviços. Depois, chegava a parceiros e agentes públicos e políticos, inclusive para o ex-ministro.
"Os R$ 7 milhões foi o que se apurou em notas da Consist para o escritório de advocacia. O que apuramos foi que 80% ia para Paulo Bernardo", disse o procurador do MPF Andrey Borges de Mendonça. Ele ressaltou que o valor é uma estimativa, pois ainda está em apuração.
A operação Custo Brasil prevê para esta quinta-feira o cumprimento de 11 mandados de prisão preventiva, 40 mandados de busca e apreensão e 14 mandados de condução coercitiva no Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Pernambuco e Distrito Federal.