A defesa do presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ainda não possui uma estratégia traçada para reverter a decisão do Conselho de Ética a favor da cassação. O advogado dele, Marcelo Nobre, disse que ainda não sabe quando entrará com um recurso na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), pois pretende aguardar a publicação do resultado para definir suas alegações. Ele disse que está avaliando se recorrerá também ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Em nota divulgada após a votação desta terça-feira, Cunha afirmou que é "inocente" e que irá recorrer à CCJ à para tentar efeito suspensivo à decisão. Entre os argumentos, Nobre vai defender que houve condenação sem provas.
– Para mim, isso é um linchamento – declarou.
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As outras alegações, de acordo com ele, são "mais processuais e não tão diretas ao mérito". Ele afirmou ainda que acha "difícil" pedir a impugnação de membros da comissão, como já havia sido defendido. Há algumas semanas, a defesa chegou a pedir o afastamento do relator do processo por ter mudado para um partido do mesmo bloco de Cunha, e não pretende repetir a iniciativa.
Nobre considerou que os acusadores não conseguiram reunir provas de que Cunha mentiu à extinta CPI da Petrobras sobre possuir contas no exterior. Questionado se ficou com surpreso com a decisão de hoje, Nobre respondeu que "é óbvio que a defesa espera que os seus argumentos sejam compreendidos pelos julgadores, mas a decisão foi política".
– Apesar de ter que seguir processos, ritos e normas, o julgamento não foi jurídico, porque, se fosse, não haveria a condenação, haveria o arquivamento, porque não há prova – argumentou.
Ao ser indagado se a decisão desta terça poderia prejudicar Cunha no Judiciário, o advogado declarou que o resultado de hoje "pode até beneficiar" Cunha.
– De repente, lá queriam isso que aconteceu no Conselho de Ética e isso pode modificar o acirramento que tem havido no Judiciário – explicou.
Ao ser questionado se Cunha possui ou não contas no exterior, Nobre respondeu apenas que ele não mentiu à CPI da Petrobras, objeto da denúncia. O advogado não é responsável pela defesa de Cunha nos processos do STF.