Antes do afastamento de Dilma Rousseff, Michel Temer afirmou que as investigações da Operação Lava-Jato não seriam impeditivo na escolha de seus auxiliares. Ele cumpriu com a palavra. O ministério do novo governo conta com três alvos da Polícia Federal – todos do PMDB, mesmo partido de Temer.
Dos três, o senador Romero Jucá, que comanda a pasta do Planejamento, é o único investigado na Operação. Os outros dois citados na Lava-Jato que passam a fazer parte do primeiro escalão do governo são o ex-deputado Henrique Eduardo Alves, que volta a assumir o Turismo (também comandou a pasta no governo Dilma) e Geddel Vieira Lima, novo titular da Secretaria de Governo. Os dois últimos passam a ter foro privilegiado, e, a partir de agora, podem ser investigados apenas pelo Supremo Tribunal Federal.
Leia mais:
Equipe de Temer divulga lista de 21 ministros que integrarão o governo
Novo logo do governo é divulgado e vira meme
Dilma poderá usar residência oficial e aviões da FAB
Saiba quais são as suspeitas sobre cada um:
Romero Jucá
Além de ter o nome envolvido na Lava-Jato, também é alvo da Operação Zelotes. Devido ao foro privilegiado, o senador é investigado pelo STF por desvio de dinheiro da Petrobras. Além disso, Jucá é suspeito de corrupção passiva e formação de quadrilha. Mais recentemente, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, solicitou novas investigações contra ele e outros membros do PMDB por desvios nas obras da Hidrelétrica de Belo Monte, citados na colaboração do ex-senador Delcídio Amaral.
Pernambucano, com mandato de senador por Roraima, tem uma extensa ficha política: começou no PMDB, passou por PDS, PPR e PSDB, e acabou de volta ao PMDB. Orbita o poder federal há 30 anos, tendo ocupado nos anos 1980 cargos como a presidência na Funai e da Fundação Projeto Rondon. No governo José Sarney, foi nomeado governador do então território de Roraima. Também ocupou cargos no governo Collor e foi líder dos governos Fernando Henrique, Lula e Dilma no Congresso.
Experiência ministerial: Previdência Social, no governo Lula
Henrique Eduardo Alves
Alvo de investigações na Operação Lava-Jato, viu a Polícia Federal cumprir mandado de busca e apreensão em um apartamento seu em dezembro de 2015, na fase batizada de Catilinárias. Ele é suspeito de receber dinheiro de Léo Pinheiro, um dos donos da OAS, e beneficiar o empreiteiro. Ocupará a mesma pasta que deixou no governo Dilma.
Foi o primeiro ministro do PMDB a desembarcar do governo da presidente afastada. Nascido no Rio de Janeiro e radicado no Rio Grande do Norte, acumula 11 mandatos na Câmara dos Deputados, que chegou a presidir de 2013 a 2014. Em 2014, foi candidato a governador no Estado nordestino, mas perdeu as eleições para Robinson Faria, do PSD.
Experiência ministerial: Turismo, no governo Dilma
Geddel Vieira Lima
Assim como Henrique Eduardo Alves, está citado na Lava-Jato sob suspeita de negociar propina com a OAS. Em mensagens trocadas com Léo Pinheiro, ele trata de interesses da empresa em órgãos do governo.
O baiano tem reputação de ser um articulador hábil, com trânsito excelente no Congresso, o que ajudou Temer a obter votos pelo impeachment e gera expectativa de seja útil para garantir uma base sólida de apoio ao novo governo. Deputado federal por cinco mandatos consecutivos, fracassou na tentativa de eleger-se governador da Bahia, mas foi brindado com um ministério pelo presidente Lula. À frente da Integração Nacional, foi acusado pelo Tribunal de Contas da União de ter beneficiado seu Estado com repasses desproporcionais de verbas.
Experiência ministerial: Ministro da Integração Nacional durante o governo Lula