Enquanto ocorre a sessão no Senado para decidir se haverá o afastamento da presidente Dilma Rousseff, protestos contra e a favor do impeachment são realizados nesta quarta-feira em capitais do país.
No centro do Rio de Janeiro, militantes da Frente Brasil Popular, que apoia Dilma, e membros do Movimento Direita Já, favorável ao impeachment, entraram em conflito durante a tarde. Houve troca de empurrões, chutes, cusparadas e garrafas de água atiradas dos dois lados. Após o confronto, o Direita Já deixou o espaço e foi para a Praça da Candelária, também no centro.
Leia mais
AO VIVO: acompanhe a votação do impeachment de Dilma no Senado
Horário de votação da admissibilidade do impeachment é incerto nos bastidores do Senado
Mais tarde, manifestantes voltaram a entrar em confronto no Rio. A troca de agressões ocorreu quando uma mulher favorável ao impedimento da presidente Dilma passou entre os manifestantes que apoiam o PT, foi agredida e reagiu. A Polícia Militar (PM) precisou intervir. Ninguém foi preso.
– Eu cheguei para o protesto e não vi ninguém. Fiquei esperando enquanto ouvia as pessoas ao microfone falando que tinham expulsado os golpistas da Cinelândia. Então eu fui lá dizer que sou a favor do impeachment e tive o cabelo puxado e minha bandeira do Brasil roubada – disse Flávia Tavares, do Movimento Resistência Rio de Janeiro, que defende o afastamento da presidente.
A briga começou quando um manifestante fantasiado de Batman, que apoia o impeachment, resolveu passar entre os militantes da Frente Brasil Popular. O Batman precisou ser escoltado e foi levado para um carro da Polícia Militar (PM).
Em Brasília, a Esplanada dos Ministérios voltou a ser dividida por um muro. De cada lado, há manifestantes contra e a favor do impeachment. Um grupo de mulheres marchou até a barreira, ficando bem próximo à polícia. Manifestantes jogaram rojões e outros objetos em direção aos policiais, que reagiram com gás de efeito moral, dispersando o grupo. Um homem que participava do ato contra o impeachment foi preso por atirar pedras em policiais.
As mulheres estão em Brasília para a Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres e duas delas ficaram feridas no incidente, sendo socorridas pelos bombeiros. A polícia recebeu o reforço da tropa de choque, inclusive de um caminhão, e sete carros da Rotam estão estacionados no Ministério da Justiça, prontos para agir. Um homem ficou ferido e foi atendido por bombeiros.
Em São Paulo, manifestantes pró e contra o impeachment bloquearam trecho da Avenida Paulista. O grupo contrário ao afastamento da presidente se concentra em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), enquanto os manifestantes favoráveis à saída de Dilma estão próximos ao prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
O grupo contra o impeachment distribuiu velas no chão da avenida em uma sequência formando a palavra "luta". Eles gritavam palavras de ordem contra o impedimento da presidente, entre elas "coxinha, aceita, Dilma reeleita", e o "não vai ter golpe". Eles também protestavam contra um governo de Michel Temer, chamado-o de "traidor".
Os manifestantes contra o impeachment em São Paulo chegaram a interromper todas as oito faixas da avenida, mas recuaram e, após alguns minutos, voltaram o ocupar as quatro pistas do sentido bairro. Não havia nenhum telão ou carro de som, apenas alguns instrumentos de uma bateria. O policiamento calculou que havia cerca de 300 pessoas presentes.
Em frente ao prédio da Fiesp, os manifestantes, cerca de 300 também, comemoram o iminente afastamento da presidente Dilma. Um grande caminhão de som, com um grupo de samba, anima o ato, que deverá prosseguir durante a noite e até o fim da votação no Senado. Os manifestantes também inflaram bonecos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma com roupas de prisioneiros. Cartazes pediam a prisão de ambos.
Em Belo Horizonte, as mobilizações dos grupos favoráveis e contrários ao processo foram mais acanhadas. Lideranças de movimentos de ambos os lados dão como certa a aprovação da admissibilidade pelos senadores. Na Praça da Liberdade, um acampamento de manifestantes contrários ao impeachment começou a ser desfeito ainda no início da noite. No local, havia 60 barracas da Frente Brasil Popular, composta pela Central Única dos Trabalhadores (CUT-MG), pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), por sindicatos, entidades estudantis e outras organizações sociais. Eles ocupavam a praça desde o dia 1º de maio, quando foi realizada uma manifestação para marcar o Dia do Trabalhador.
A mobilização dos grupos favoráveis ao impeachment também contabilizou um número de pessoas mais modesto. Segundo um dos coordenadores do Vem pra Rua, o consultor de projetos Max Fernandes, dois fatores teriam contribuído para a presença reduzida. Um deles é a mudança do local tradicionalmente utilizado para as suas manifestações. Como a Praça da Liberdade, dessa vez, foi ocupada pelos contrários ao impeachment, o ato desta noite se transferiu para a Savassi. O outro fator seria justamente a previsibilidade da decisão do Senado, como ele explica:
– As pessoas ficaram mais tranquilas em casa. Quem veio é para comemorar os resultados alcançados pela nossa mobilização.
Jornalistas agredidos
Em Vitória (ES), os repórteres da Tribuna Geilson Ferreira e Sérgio Porto e André Falcão da TV Gazeta foram agredidos com socos e pontapés por um manisfestante contra o impeachment, de acordo com informações do G1.
Um outro manifestante identificado como Camilo de Lelis Santos Cardoso é suspeito de tentar jogar um rojão em um dos jornalistas. Ele foi preso em flagrante e levado para o Departamento de Polícia Judiciária de Vitória, mas foi liberado após pagar fiança de R$ 5 mil.
* Com informações de Estadão Conteúdo e Agência Brasil