Ex-governador do Rio Grande do Sul e ex-ministro da Previdência, Antônio Britto, em entrevista ao Gaúcha Atualidade, na manhã desta segunda-feira, avaliou que, se as gravações envolvendo o ministro do Planejamento, o senador licenciado Romero Jucá (PMDB-RR), forem verdadeiras, fica insustentável mantê-lo no governo interino de Michel Temer.
– É muito difícil construir uma outra interpretação para aquilo que está dito. A única alternativa seria provar que a gravação é falsa. Em sendo verdadeira, está dito o que está dito – avaliou Britto. – Se Jucá não esclarecer as denúncias e surgirem outras, é evidente que se torna um personagem impossível de ser mantido.
Diálogos gravados de forma oculta em março passado e divulgadas nesta segunda-feira mostram Jucá, em conversa com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, sobre um "pacto" para deter avanço da Operação Lava-Jato.
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Britto afirmou que uma possível demissão do ministro do Planejamento passa por uma avaliação de Temer.
– Na minha visão, o presidente tem que achar um ponto de equilíbrio entre manter maioria no Congresso e manter o respeito na sociedade – disse o ex-governador, destacando que a ascensão do novo governo surgiu justamente do pedido nas ruas pelo fim da corrupção.
Considerando a "figura incrível" que Jucá representa na política brasileira, pois foi central nos governos FHC, Lula, Dilma e, agora, Temer, Britto avaliou que houve uma "certa imprudência" na sua indicação para o novo governo:
– A indicação já trazia carga de dúvidas muito grande. Essa gravação agrava a situação do ministro.
Ouça a entrevista na íntegra:
Britto, como ex-ministro da Previdência, ainda defendeu a reforma na aposentadoria.
– O problema nasce de um não problema. Os brasileiros e o mundo todo estão vivendo mais. O número [de pessoas] está crescendo de forma espantosamente grande. (...) Na em medida que vai demorando, a solução vai ficando cada vez pior – disse.
O ex-governador definiu como "hipocrisia em rodízio" o fato de que os partidos se posicionam contra a reforma quando estão na oposição e a favor quando estão no governo.
– Quem defende os aposentados, defende a reforma. Sem reforma, quem corre risco é o aposentado – concluiu Britto.