Longe do plenário da Câmara e dos holofotes, o presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA), evitou, nesta terça-feira, o contato com os jornalistas e participou de um evento que havia retirado de sua agenda de trabalho. Diferentemente de seu antecessor, o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Maranhão vem exercendo uma presidência dentro do gabinete, sem presidir as sessões plenárias e sem entrevistas diárias.
Pela manhã, a assessoria da Presidência da Câmara havia anunciado que Maranhão desistira de participar da cerimônia de entrega do prêmio Dr. Pinotti, no Salão Nobre da Casa. Em seu lugar, enviaria o segundo-secretário da Mesa, Felipe Bornier (PROS-RJ). Duas horas após o evento, a assessoria comunicou que Maranhão decidiu participar da entrega do prêmio porque Bornier insistiu para que ele fosse.
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Maranhão deixou seu gabinete sem alarde e fez um discurso de aproximadamente cinco minutos. Chamou os premiados de "agradeciados", confundiu Secretaria de Mobilidade Urbana de São Paulo com Secretaria da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, da qual a filha do ex-deputado federal José Aristodemo Pinotti, Marianne Pinotti, é titular, e fez uma homenagem ao trabalho do ex-deputado morto em 2009.
– Quantos brasileiros, quantos seres humanos vindos de outros países tiveram a oportunidade de terem suas vidas salvas por aquele que foi um homem público, um doutor, um acadêmico, que emprestou seu conhecimento para salvar vidas – disse.
Cercado por seguranças, Maranhão voltou ao seu gabinete e não saiu de lá nem para se integrar aos parlamentares que estavam na sessão conjunta do Congresso, do qual é vice-presidente. Num modelo de gestão negociado com o "centrão" onde ele não preside as sessões plenárias e assim continua desfrutando das prerrogativas de presidente da Câmara, Maranhão tem cumprido a risca o acordo e não tem passado nem perto do plenário. Às vezes, a presidência das sessões tem ficado a cargo do segundo-vice, Fernando Giacobo (PR-PR).
*Estadão Conteúdo