A presidente afastada Dilma Rousseff concedeu, nesta terça-feira, entrevista para o jornalista e cofundador de site norte-americano The Intercept, Glenn Greenwald. Assim que foi afastada do cargo na semana passada, Dilma concedeu coletiva para agências internacionais. Em abril, o jornalista norte-americano havia entrevistado o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na época, Lula afirmou que o processo de impeachment era "tramado por um grupo que deseja chegar ao poder desrespeitando o voto popular".
Greenwald foi o responsável pela divulgação de dados fornecidos pelo ex-agente de segurança Edward Snowden no final de 2012. Os primeiros documentos foram divulgados por Greenwald em junho de 2013, o que criou uma saia justa para o governo norte-americano, que teve de explicar o monitoramento de informações e e-mails de autoridades de países espionados pelo NSA, a Agência de Segurança Nacional dos EUA. Na época, a presidente Dilma Rousseff chegou a cancelar uma visita ao presidente norte-americano Barack Obama, após ter conhecimento de que sua correspondência digital fora violada.
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Durante a tarde, enquanto o diretório Nacional do PT se reuniu em Brasília, Dilma ficou no Alvorada com "sua equipe de apoio" para definir os próximos passos e a estratégia de sua defesa. No encontro também deve estar na pauta a agenda de viagens que a presidente afastada pretende realizar pelo país para defender seu mandato. Estão com Dilma no Alvorada os ex-ministros Jaques Wagner, Ricardo Berzoini e José Eduardo Cardozo, este último advogado de defesa da petista.
Cannes
Mais cedo, a presidente afastada usou as redes sociais para agradecer as manifestações de apoio que recebeu de um grupo de artistas no Festival de Cannes. "Obrigada pelo apoio!", escreveu. Dilma agradeceu nominalmente o diretor filme brasileiro "Aquarius", Kleber Mendonça Filho, e as atrizes Sônia Braga e Maeve Jinkings.
– Obrigada, Kleber Mendonça Filho (@kmendoncafilho), Sonia Braga (@bragasonia) e Maeve Jinkings - o talento do Brasil em Cannes – escreveu. – Ao elenco extraordinário do filme #Aquarius um beijo em nome da democracia. #Cannes2016 – tuitou a presidente afastada.
No tapete vermelho, os artistas levaram cartazes em inglês e francês afirmando que "um golpe aconteceu no Brasil". Desde a segunda-feira, vários artistas brasileiros que participam do principal festival mundial do cinema fazem críticas abertas ao afastamento da presidente Dilma Rousseff e ao fim do Ministério da Cultura, que foi incorporado pelo da Educação.
O cineasta Kleber Mendonça Filho, de "Aquarius", único representante do país na seleção oficial de longas de Cannes, classificou como "golpe de estado" o afastamento de Dilma. Já a atriz Sônia Braga, que atua no longa, afirmou que há a "manipulação da tomada do poder" no país precisa ser exposta ao mundo. Ela ainda pregou o fim da divisão no Brasil.