Virou piada nos corredores do Congresso um vídeo gravado entre senadores governistas logo após a decisão de Waldir Maranhão (PP-MA) de anular as sessões do impeachment na Câmara. Eufóricos, Lindbergh Farias (PT-RJ), Gleisi Hoffmann (PT-PR), Paulo Rocha (PT-PA) e Vanessa Grazziotin (PC do B-AM) caminham em direção ao Planalto, gravados por um cinegrafista. Lingbergh regia os discursos:
– Pessoal, estamos indo agora encontrar nossa presidente Dilma no Palácio do Planalto, depois dessa decisão do vice-presidente Waldir Maranhão, que anulou a sessão da Câmara dos Deputados. É uma vitória muito grande.
Gleisi completou:
– Isso muda totalmente a conjuntura. Na realidade, a Câmara vai ter que fazer a votação novamente. E, desta vez, incluindo o vice-presidente Temer.
Os senadores terminaram aos gritos de "Não vai ter golpe". Horas depois, tudo estava desfeito. O impeachment teve prosseguimento.
Leia mais
O paredão de câmeras e o deputado apelidado de Compadre Washington
Tiririca tira o bigode para evitar ser confundido com Waldir Maranhão
INFERNO DE MARANHÃO
Em reuniões com a Mesa Diretora da Câmara e com a bancada do PP, o deputado Waldir Maranhão (MA) foi muito pressionado a renunciar à presidência interina da Casa. Também lhe foi oferecida a opção de se licenciar do mandato. Ele ficou de pensar, mas os parlamentares relatavam que ele sequer apresentava argumentos. Atônito com a repercussão do seu ato e temeroso com as consequências, apenas ouvia, sem reação.
INTERINO NÃO, UTERINO
Em manifestação no Senado, na tarde desta terça-feira, Magno Malta (PR-ES) não economizou nas críticas ao presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), que anulou e "desanulou" a votação do impeachment na segunda-feira. Referiu-se ao deputado como "maior humorista da nação" e saiu-se com esta:
– O trapalhão Waldir Maranhão não é presidente interino, ele é uterino, já que saiu do útero de Eduardo Cunha – disse o senador.
CARTÃO-PONTO
Uma fila se formou junto à mesa do Senado, às 15h desta terça-feira, assim que abriu o prazo para inscrição dos senadores que pretendem se manifestar na sessão de votação da admissibilidade do impeachment da presidente Dilma Rousseff. A primeira a se inscrever foi Ana Amélia Lemos (PP-RS), que chegou ao local às 12h30min para garantir lugar. Ao ouvir a colega dando entrevista sobre o assunto, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) se aproximou e brincou:
– Só faltava a senhora bater ponto!
Ana Amélia não quis adiantar detalhes sobre o discurso, mas revelou o tom: pretende destacar o impacto negativo das pedaladas fiscais na vida dos brasileiros.
NA FILA
O PTB indicou o nome de quatro deputados a Michel Temer para o Ministério do Trabalho: Alex Canziani (PR), Benito Gama (BA), Nelson Marquezelli (SP) e Ronaldo Nogueira (RS). O gaúcho admite a possibilidade, mas afirma que abriria espaço para os colegas Luiz Carlos Busato (RS) e Sérgio Moraes (RS).
– Aceitaria a missão, mas sei respeitar a fila. Há colegas mais experientes. Não vou brigar por espaço.
VIDA PRÓPRIA
Embora o PDT não deva ingressar na base aliada de Michel Temer, um deputado da sigla avisa que isso não significa manutenção do alinhamento com o PT:
– Continuamos no mesmo campo, mas agora acabou a relação. Teremos o nosso projeto e faremos oposição construtiva ao Temer.
ARGUMENTOS
Com risco de ser expulso do PDT, o deputado Giovani Cherini (RS) ficou sem entender o governo Dilma. A presidente pressionou o partido para fechar questão no voto contra o impeachment, com ameaça de expulsão dos infiéis. Perdida a batalha na Câmara, o próprio governo recorreu, com o argumento de que as imposições de votos de bancada não eram permitidas. Cherini quer citar o recurso da Advocacia-Geral da União (AGU) na sua defesa.