Quase quatro horas depois de ter confirmado o seu afastamento temporário pelo Senado, Dilma Rousseff (PT) se pronunciou oficialmente pela primeira vez sobre a abertura do processo de impeachment. Ela vestia branco e estava cercada de mulheres, uma cena tomada de simbolismos.
Ex-ministras que fizeram parte do primeiro escalão do governo rodearam Dilma durante a fala. Entre elas, Kátia Abreu (PMDB-TO), Eleonora Menicucci (PT-MG) e Tereza Campello (PT-RS), que se mantiveram fiéis à petista, mesmo em meio à crise política. O único homem presente na primeira fila era Giles Azevedo, assessor especial que tem relação de mais de 20 anos com Dilma.
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As presenças majoritariamente femininas junto à petista contrapõem o desenho ministerial de Michel Temer (PMDB), que assume interinamente a Presidência. Caso se confirme o primeiro escalão do peemedebista, ele será o primeiro presidente a não indicar mulheres para os ministérios desde o governo de Ernesto Geisel, na década de 1970. A ausência feminina na Esplanada tem sido alvo de questionamentos.
Outro ato simbólico de Dilma foi o de vestir uma roupa de cor branca, e não do tradicional vermelho que marca o PT. Trata-se de um recado da petista que, mais uma vez, reforçou que não cometeu crime de responsabilidade e que, por isso, o processo de impeachment representa um golpe.
– Permaneçam mobilizados, unidos e em paz – enfatizou Dilma, antes de seguir para pronunciamento a apoiadores em frente à Esplanada dos Ministérios.
Dilma desceu, pela passagem interna do prédio, e encontrou-se com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em frente ao Palácio do Planalto. Os dois se abraçaram, mas nada disseram. Vários servidores acompanharam a caminhada chorando.
* Zero Hora