Com atraso de dois meses, as 25 comissões temáticas permanentes da Câmara dos Deputados serão instaladas na próxima quarta-feira. O PMDB ficará com a mais importante, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), responsável neste ano por analisar os recursos do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), contra o processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética.
O líder da bancada, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), reafirmou que estava disposto a indicar o deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG) para comandar a CCJ, mas foi pedido pelo grupo que votou contra sua recondução na liderança do partido que fizesse um gesto de unificação da bancada e aceitasse Osmar Serraglio (PMDB-PR).
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Picciani disse que conversará com Pacheco para que ele ceda este ano, com o compromisso dele ser apoiado em 2017 para a mesma função.
–Acho que será possível encaminhar nesse sentido – declarou.
O líder tentará convencer Pacheco a abrir mão da CCJ, alegando que o ano é mais curto, com as comissões começando a funcionar com atraso, e marcado pelo período de campanha eleitoral nos municípios.
Serraglio é ligado a Cunha, mas Picciani desconversou ao ser questionado sobre a possibilidade de o deputado favorecer o presidente da Câmara no comando da CCJ.
– O deputado Osmar Serraglio tem um histórico de correção, de conduta ilibada, atuou como relator da CPI dos Correios, uma atuação muito marcante. Portanto, é alguém comprometido com a transparência, comprometido com a correção, com a coisa pública e com a correção na política. Não imagino que Osmar Serraglio nem Rodrigo Pacheco tomariam qualquer tipo de medida não republicana – respondeu.
Maior partido da Casa, o PMDB também presidirá as comissões de Finanças e Tributação (onde será indicada a deputada Simone Morgado, do Pará) e Viação e Transportes (que deve ser presidida pelo deputado fluminense Washington Reis). A Comissão Mista de Orçamento (CMO), que depende de sessão do Congresso para ser instalada, será presidida este ano pelo PMDB da Câmara e a indicação será o deputado Sérgio Souza (PMDB-PR).
Acordo
Em reunião na manhã desta quinta, os líderes partidários acordaram que só será permitido a apresentação de candidatura avulsa para presidir as comissões se os candidatos forem do mesmo partido que ficou com a preferência de indicação. As indicações para compor as comissões devem ser feitas até terça-feira e só no dia seguinte haverá a instalação dos trabalhos.
Pelas escolhas dos líderes partidários, o PT ficou com as comissões de Cultura, Direitos Humanos e Fiscalização Financeira e Controle (CFFC). O PSDB presidirá Defesa do Consumidor, Relações Exteriores e a criada ontem Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa. PP terá as presidências das comissões de Agricultura e Seguridade Social e Família, enquanto o PR ficará com as comissões de Minas e Energia, e outra criada ontem, a da Defesa dos Direitos da Mulher. O PSB comandará Integração Nacional e Meio Ambiente, já o PSD pegou as comissões de Desenvolvimento Econômico e Turismo.
Ficaram com a presidência de apenas uma comissão: DEM (Ciência e Tecnologia), PSC (Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência), Solidariedade (Desenvolvimento Econômico), PTB (Educação), PRB (Esporte), PCdoB (Participação Legislativa), PTN (Segurança) e PDT (Trabalho). Partidos como PSOL, PMB e Rede não ficaram com nenhuma presidência de comissão.
*Estadão Conteúdo