O ex-gerente de Logística da Companhia de Processamento de Dados de Porto Alegre (Procempa) Matusalém Alves confirmou, em sessão da CPI na Câmara de Vereadores da Capital nesta quarta-feira (11), que chegou a assinar processos para pagamentos irregulares. Segundo ele, que ocupou o cargo entre abril de 2005 e fevereiro de 2013, foi o medo de ser demitido que o fez agir dessa forma. As ordens viriam da presidência da empresa ou do secretariado da prefeitura.
Ele apresentou o exemplo de um livro de fotografias impresso em outubro de 2012. Devido à falta de tempo hábil para o processo de confecção de 1,5 mil exemplares, o secretário municipal de Gestão, Urbano Schmidt, assinou ofício solicitando o rápido encaminhamento do processo, pulando etapas. "Eu não tinha o poder de pagar. Eu apenas cumpria aquilo que já vinha executado", afirmou Alves.
A assessoria da Secretaria de Gestão nega qualquer ilegalidade na ação, já que foi solicitada apenas a reimpressão de exemplares. Durante a sessão, o vereador Cláudio Janta (SDD) protocolou requerimento solicitando a convocação de Urbano Schmidt.
Ameaça
Na sessão realizada na última quarta-feira (4), foi ouvida a ex-assessora de Projetos Especiais da companhia Adriana Boniatti. Ela relatou que recebeu ameaças depois de depor no Ministério Público Estadual sobre o assunto. Um homem armado teria invadido seu carro na noite de 20 de outubro. Outras pessoas relataram, informalmente, que também sofreram intimidações. Adriana ficou em silêncio durante grande parte da CPI, respondendo a poucas perguntas.
Sessões
A sessão desta quarta-feira é a 20ª desde a instalação da CPI. Até o momento, 20 pessoas foram ouvidas. Nos próximos próximos encontros devem depor o ex-presidente da Procempa André Imar Kulczynski, a ex-diretora financeira Geórgia Ferreira, além dos secretários municipais de Governança Local, Cezar Busatto, e da Fazenda, Roberto Bertoncini.
O grupo terá apenas mais uma reunião em 2013. Após, as atividades serão retomadas no início de fevereiro. A previsão de término é no dia 20 do mesmo mês. Há a possibilidade de prorrogação dos trabalhos da CPI por mais 60 dias.
A reunião de hoje, marcada inicialmente para as 9h30, iniciou com mais de 30 minutos de atraso. O quórum mínimo para o começo da sessão (sete vereadores), só foi alcançado após as 10h.