Um depoimento esclarecedor. Assim foi definida pelos vereadores a oitiva do analista de informação da Companhia de Processamento de Dados de Porto Alegre (Procempa) Luiz Carlos Pachaly, nesta quarta-feira (25). O servidor foi ouvido terceira reunião da CPI que apura irregularidades na empresa. Entre os fatos revelados por ele está a identificação de R$ 2,7 milhões pagos indevidamente a uma empresa prestadora de serviço.
- Nós constatamos notas que não estavam dentro do processo normal. Eram serviços que já haviam sido pagos e que acabavam sendo pagos duas vezes. As notas não existem mais, mas pessoas fizeram cópias dos documentos por achar estranho o que estava acontecendo - conta Pachaly.
Pelo menos dez notas nessa situação foram identificadas, todas elas referentes a apenas uma empresa. Segundo o servidor, há 36 anos na Procempa, os processos de liquidação ocorriam por pessoas que não efetuavam esse tipo de tarefa.
Pachaly também falou que os valores repassados para a Associação dos Funcionários da Procempa (AFP) para custear festas deveria ser liberado após um protocolo bem definido. Era preciso oficializar o processo com a apresentação de três orçamentos, o que não era realizado. Também não há registros quanto à prestação de contas dos eventos.
Além disso, o servidor relatou que os Centros de Capacitação Digital, espécie de telecentros espalhados pela cidade, funcionavam como cabide de empregos. Quem era contratado recebia até mesmo um apelido que remetia ao nome do padrinho político. Há indícios que muitos prestadores de serviço ganhavam sem trabalhar.
Luiz Carlos Pachaly participou das três sindicâncias instaladas para apurar irregularidades na Procempa. A Companhia também sofreu uma inspeção especial. Três auditorias externas serão contratadas pela Prefeitura da capital para apurar novos fatos. Ainda não há previsão de quando as licitações serão lançados, nem do custo que o serviço representará para os cofres municipais.
Requerimentos
Ao final da sessão, 20 requerimentos foram votados e aprovados em bloco. A próxima reunião da CPI vai ocorrer na próxima quarta-feira (2). A agenda de depoimentos será definida até o final desta semana.
Gaúcha
CPI da Procempa: servidor relata pagamentos irregulares de quase R$ 3 milhões a empresa
Segundo Luiz Carlos Pachaly, notas fiscais foram destruídas
Mateus Ferraz
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