Dos Estados Unidos, onde está desde a semana passada, o prefeito José Fortunati acompanha com preocupação os desdobramentos da crise na Procempa, a empresa de tecnologia do município. Pelo que a comissão designada para investigar as entranhas da empresa já apurou, Fortunati está convencido de que existe um grupo organizado dentro da Procempa, usando táticas de quadrilha para obter benefícios pessoais.
Os métodos criminosos a que o prefeito se refere vão da intimidação dos integrantes da comissão encarregada de inspecionar as contas ao sumiço de processos. Fortunati ainda não sabe da missa um terço, porque passou os últimos dias ocupado com assuntos de tecnologia numa missão oficial ao Vale do Silício. A repórter Adriana Irion apurou informações que reforçam as suspeitas de desvio de recursos públicos e cobrança de propina. A mais incrível de todas: entre os papéis da empresa, foi encontrada a nota fiscal de compra de uma máquina de contar dinheiro. Para que serve uma máquina de contar dinheiro numa empresa em que todas as transações são feitas por meio eletrônico? A resposta a essa pergunta é tão óbvia, que o prefeito e o Ministério Público partirão logo para as próximas: quem se beneficiou da compra desse artefato? Onde foi parar a máquina? Quem autorizou a compra?
Documentos obtidos por Zero Hora indicam que os desvios no plano odontológico não se limitaram à inclusão de dependentes que não teriam esse direito. Há pagamentos descritos genericamente como "serviços odontológicos" feitos com a segunda via da nota fiscal, sem que a primeira tenha aparecido, o que abre caminho para outra investigação, a de sonegação por parte dos dentistas que forneceram o documento.