Outrora deteriorado e corroído por cupins, o casarão centenário que abrigou a primeira sede da Assembleia Legislativa entre os anos de 1835 e 1967, no coração da Capital, voltou aos tempos áureos. A partir de hoje, as portas restauradas do prédio de 1792, por onde transitaram personagens como Bento Gonçalves, Gaspar Silveira Martins e Getúlio Vargas, estarão novamente abertas ao público, desta vez como guardiãs da história política.
Inaugurado ontem, após cinco anos em obras e um investimento de R$ 2 milhões, o Memorial do Legislativo é um convite a uma viagem ao passado. Quem caminha pelo piso de mármore, antes escondido sob uma camada de 17 centímetros de concreto, descobre que ali estão resguardadas fotografias de momentos marcantes, como a posse de Flores da Cunha, em 1935, exemplares de jornais históricos, como A Federação, e mapas antigos - inclusive um exemplar de Paris, do século 18, que não se sabe de onde surgiu.
Assista ao vídeo sobre o Memorial:
Nos porões do prédio cor-de-rosa, vizinho ao Palácio Piratini, também estão resguardados processos legislativos, anais, fitas com as gravações de sessões, correspondências e ofícios. Todas as decisões importantes que definiram os rumos do Rio Grande em quase 200 anos estão lá, para orgulho de gaúchos como Lino Zardo, 80 anos. Eleito três vezes deputado estadual entre 1966 e 1974, o senhor de cabelos brancos fez questão de prestigiar a inauguração do memorial e rever a Casa onde discursou.
- Vou trazer meus netos e meu bisneto para conhecer - adiantou o aposentado, com carreira no antigo MDB.
Por enquanto, porém, apenas um terço do acervo - composto por mais de 20 mil caixas de documentos - foi transferido para o local. O material está sendo disposto no porão, que foi preparado para receber os arquivos e terá acesso restrito. Mesmo assim, a partir de hoje, o prédio já está aberto a pesquisadores e visitantes.
- Queremos que as pessoas tenham acesso a toda essa riqueza. Aqui, está a história do Estado, não apenas do Legislativo - disse a coordenadora do memorial, Regina Becker.
Quando visitar
- Das 8h30min às 18h30min, de segunda a sexta-feira, com entrada gratuita.
- Mais informações pelo telefone (51) 3210-2000.