Enquanto 406.467 eleitores decidiram que Sebastião Melo, do MDB, continuará no comando da cidade por mais quatro anos, outros 381.965 optaram por não ir às urnas neste domingo (27) em Porto Alegre. Isso representa uma abstenção de 34,83% do eleitorado, a maior registrada entre as capitais neste segundo turno.
É a maior abstenção da história da Capital. O percentual supera o atingido no primeiro turno de 2020 (33,08%), em maio à pandemia da Covid-19.
A diferença entre o total de abstenção e a soma de votos recebidos por Melo é menor do que o número registrado de votos brancos (27.249) ou nulos (26.811). Foram apenas 24.502 eleitores a mais que decidiram votar no candidato do que os que optaram por não ir às urnas. Se considerar o número de abstenções, Melo foi reeleito com 37,07% dos votos aptos.
Já em relação à Maria do Rosário, candidata do Partido dos Trabalhadores (PT), o número é ainda maior. Ela ficou 127.837 votos atrás da quantidade de eleitores que se abstiveram, recebendo apenas 38,47% (254.128) dos votos válidos.
No primeiro turno da eleição de 2024, Porto Alegre já havia registrado um número expressivo de abstenções, tendo o maior percentual registrado entre todas as capitais brasileiras.
De acordo com os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 31,51% (345.544) dos eleitores da Capital não votaram no dia 6 de outubro. De um turno para o outro, foi registrado um aumento de 36.421 no número de abstenção.
Com este aumento, a capital gaúcha liderou, novamente, o percentual de eleitores que não foram às urnas.
— Temos que conscientizar o eleitor da importância do voto. Estamos preparando um convênio com as secretarias de educação, municipais e do Estado, para levar aos estudantes do ensino fundamental e médio a importância do ato de votar como aperfeiçoamento e consolidação da nossa democracia — afirmou à Rádio Gaúcha Voltaire de Lima Moraes, desembargador que preside o Tribunal Regional Eleitoral do RS (TRE-RS)
Em Canoas, outra cidade de segundo turno que foi muito atingida pela enchente de maio, 35,72% dos eleitores não compareceram às urnas. O índice é maior que o de Porto Alegre e também que o de Caxias do Sul (28,64%), Santa Maria (29,63%) e Pelotas (25,71%).
— Muitas pessoas perderam a documentação. Inúmeros documentos. Ficaram praticamente sem nada. Por isso nós fizemos um movimento, que não foi o suficiente, esperamos que o IGP (Instituto-Geral de Perícias) faça um movimento. A Secretaria de Segurança Pública foi confeccionar carteiras de idade para muitas pessoas. Mas há um número grande de pessoas que ainda não fizeram carteiras de identidade. Há outro fator, que é a migração. Muitas pessoas se mudaram de Canoas e foram para outras cidades, outros Estados. E há o desinteresse. São muitas causas que precisam ser analisadas e vão servir de orientação para nós e para os partidos políticos — disse Moraes.
Outras capitais
Ao todo, 15 capitais tiveram segundo turno e apenas seis delas registraram mais de 30% de abstenções. A capital de Goiás, Goiânia, foi a que mais se aproximou dos 34,83% registrados na capital gaúcha. Conforme os dados do TSE, 34,2% (352.393) dos eleitores goianienses não foram às urnas.
Confira as capitais com mais de 30% de abstenção no segundo turno:
- Porto Alegre: 34,83% (381.965)
- Goiânia (GO): 34,20% (352.393)
- Belo Horizonte (MG): 31,95% (636.752)
- São Paulo (SP): 31,54% (2.940.360)
- Porto Velho (RO): 30,63% (110.962)
- Curitiba (PR): 30,37% (432.408)